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Resenha: Fumaça Branca

LIVRO: FUMAÇA BRANCA ANO DE LANÇAMENTO: 2022 AUTORA: TIFFANY D. JACKSON EDITORA: SEGUINTE NÚMERO DE PÁGINAS: 320 CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆☆☆ Sinopse Seguinte: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor. Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios. Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado… ou pode?  Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de resenha por aqui. Vamos conhece

Resenha: O Primo Basílio

 LIVRO: O PRIMO BASÍLIO 

ANO DE LANÇAMENTO EDIÇÃO  PRINCIPIS: 2020

AUTOR: EÇA DE QUEIRÓS 

EDITORA: PRINCIPIS

NÚMERO DE PÁGINAS: 384

CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆☆☆




Sinopse: Eça de Queirós, neste livro, faz uma crítica severa à sociedade lisboeta do século XIX. O autor mostra a lenta deformação do caráter de Luísa, mulher de formação romântica entediada com o casamento, sob o efeito de leituras e músicas sentimentais. Durante uma viagem do marido Jorge, Luísa envolve-se com seu sedutor primo Basílio. Porém, Juliana, a invejosa e vingativa criada, descobre o caso e arma um esquema de chantagem. Muitas emoções e reviravoltas num clássico do realismo português.




Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Vamos de resenha pessoal?  Vamos conhecer esse clássico  então!




Particularmente gosto bastante ler obras clássicas, e este aqui é maravilhoso. Uma das maiores qualidades da narrativa de Eça de Queirós, na minha opinião é a fina ironia com que ele retrata a sociedade portuguesa da época e seus diversos tipos sociais. A seriedade dos temas de seus romances divide espaço com o humor e o sarcasmo com que são construídos os seus personagens e retratadas algumas das situações corriqueiras ao longo dos capítulos. Ele sabe ser mordaz e colocar o dedo na ferida de uma forma leve e que arranca um sorriso de canto de boca nos leitores. É delicioso de acompanhar o evoluir de suas tramas.

O PRIMO BASÍLIO, foco dessa resenha, traz, para citar o subtítulo da obra, um episódio doméstico pra lá de natural: o adultério. Mas, atentem-se que nos períodos do século XIX, homens podiam cometê-lo sem problema algum (ainda hoje há uma certa tolerância e “passadas de pano” quando a traição provém dos homens, não é mesmo?). O problema é quando mulheres se rendiam aos encantos de um sedutor. Elas passariam a ser faladas pela vizinhança e pela sociedade e, descoberto o caso, o marido tinha amplos direitos a fazer o que bem entendesse com ela.

E assim somos convidados a entrar na residência de Luísa e Jorge, um jovem casal do que podemos considerar como a classe média emergente da época. A história é simples e já está bem detalhada na sinopse: Jorge precisa viajar por um longo período a trabalho e Luísa acaba se rendendo ao primo, Basílio, um antigo amor da adolescência. O caso sai de controle porque ambos são descuidados demais e a empregada de Luísa, Juliana, não só descobre a traição como consegue cartas para usar como chantagem. Vai se desenrolar um fascinante drama familiar temperado por divertidas descrições do Portugal dos anos 1870.

Os personagens são, pra mim, o ponto alto dessa obra. A começar pela sra. Juliana, uma criação inesquecível e marcante. A criada, vivendo a vida toda a servir, acumula sonhos simples de coisinhas melhores para si ao mesmo tempo em que detesta a família de Jorge e Luísa. Há uma tensão social palpável na história, que evidencia as claras diferenças entre a classe dominante e a servil.

Juliana é um retrato fiel dessa classe que era legada a morar nos piores cômodos da casa, não comia a mesma comida dos patrões e era sempre repreendida por algo. As reflexões e resmungos de Juliana são passagens ricas enquanto retrato daquele período. Quando entende que a traição de Luísa pode servir como trampolim para melhorar sua vida, ela se entrega com devoção e manipula a patroa, extorquindo todo o possível e vivendo alguns momentos de folga e descanso. Seu destino, trágico, e tudo o que o cerca é outro dos bons exemplos da separação clara entre ricos e pobres.

E há os tipos que rodeiam o casal, sendo o Conselheiro Acácio e suas tiradas que não levam a lugar nenhum, recheadas de um intelectualismo vazio, o exemplo maior da ironia e crítica mordaz de Eça. A propósito, logo na abertura do livro, já somos introduzidos à galeria de personagens que vão desfilar pela história e apresentados ao estilo provinciano de um Portugal que vai ficando pra trás na Europa. Companheiro de Basílio, o personagem Reinaldo, dá voz às críticas da Lisboa que, em sua visão, é atrasada, rural e carregada de defeitos.

O drama, cerne da obra, é a paixão, ou aventura libidinosa, à qual Luísa se entrega mediante os cortejos e avanços do primo. Basílio é apresentado desde o início com os ares de um galanteador. Seu objetivo é apenas ter a prima para si em momentos de diversão, pouco se importando com o que “os outros vão falar”, com a reputação dela. E Luísa aparentemente encara essa aventura com um misto de paixão, a ponto de ela pensar em fugir com o primo quando a chantagem de Juliana vem à tona, mas também como uma oportunidade de experimentar coisas novas, experiências que leu em romances e que a fazem fantasiar a possibilidade de manter o caso para sempre, sem riscos.

A chantagem de Juliana vai trazer o desequilíbrio e fazer ruir as aparências do lar de Jorge e Luísa. A harmonia do casal vai ser abalada e Eça vai lançar mão de uma série de eventos para chegar ao ápice da sua história: uma sequência de desfechos trágicos pontuada por um parágrafo final tão irônico quanto o fez em O CRIME DO PADRE AMARO.

Há duas leituras para essa obra. De um lado, a percepção que devemos ter de como a sociedade do século XIX encarou uma história como essa. De outro, o olhar do leitor do século XXI para um romance divertido, fotografia de uma cena familiar, em que a aventura amorosa de Luísa é natural, não choca, nem causa escândalo. Em um cenário, Luísa é a vilã que macula seu casamento cedendo ao primo. Em outro, Juliana é a vítima subjugada e explorada pela classe dominante até seus últimos suspiros. Se você curte um livro clássico, este aqui é recomendado. Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima pessoal!




Comentários

  1. Um verdadeiro clássico de nossa literatura.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  2. Olá, adorei sua análise sobre a obra, com certeza se um dia ler, vou ter em mente a me atentar a todas essas sutilezas da escrita do autor e da dualidade dos personagens.

    Bjs

    Imersão Literária

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    Respostas
    1. Olá, Leyanne! Sim se atente, pois é um clássico maravilhoso. Beijo!

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  3. Sim Fabiano existe uma adaptação televisiva. Quando puder leia-o, pois é um dos clássicos literários que mais gosto, certamente você irá curtir também. Abraço!

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  4. Mais um livro que me foi apresentado na época do vestibular e eu provavelmente só li o resumo. Mas isso não é algo tão ruim, visto que agora não lembro nada da história e poderei ter a experiência com muito mais maturidade. Preciso visitar a biblioteca aqui perto de casa.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi, Helaina! Sim quando puder visitar a biblioteca perto de sua residência leia-o e verá que a obra é maravilhosa. Até breve. Abraço!

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