Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Hoje é dia de poema por aqui. Vem conferir!
Poema: Mariposa no Orvalho
Morto solitário, perdido entre as sombras do dia, onde o perfume adocicado se mistura ao gosto amargo do silêncio.
Beijo roubado, eco distante de um desejo que não volta, coração despedaçado, fragmentos caídos como folhas secas ao vento.
Semblante desfigurado, reflexo de um tempo acelerado, onde os minutos são foices, e cada segundo carrega um sabor temperado — ardido, amargo, inconfundível.
Corpo tatuado pela memória, marca de quem ama e sofre sem pedir licença, langor denotado em cada suspiro, em cada gesto lento e carregado.
Por ti carregado, como quem leva um fardo invisível, manhã pacata, tarde nublada, noite mal-assombrada — os fantasmas do passado dançam no escuro do peito.
Agonizei no passado, celebrei angústias como se fossem troféus, mentiras mal-amado, verdades apaixonado — um paradoxo que queima a alma.
Lembrança encantada, sentimento louvado, fui eu deixado, e fico eu estupefato com a vastidão da ausência.
Mariposa no orvalho, caminho no cascalho — antes só do que mal acompanhado, grito silencioso na vastidão do ser.
Morto solitário, eco perdido entre a vida e a sombra, a espera de um renascer que talvez nunca venha, ou que só virá no brilho tênue de uma nova manhã.
É isso! Até a próxima!
Autoria: Luciano Otaciano
Bom Dia, Luciano!
ResponderExcluirQue poema intenso ele parece respirar dor, memória e poesia ao mesmo tempo.
A imagem da mariposa no orvalho já abre o texto com uma delicadeza triste: algo leve preso ao peso da umidade, da madrugada, daquilo que ainda não secou dentro da gente. E você desenvolve esse sentimento com uma força impressionante: o silêncio amargo, o coração em fragmentos, o semblante marcado por um tempo que passa como foice.
Há aqui uma honestidade brutal: o corpo tatuado pela memória, o passado que agoniza e ainda assim insiste em dançar no escuro do peito. É um poema que admite a queda, o fardo que não se vê, as verdades e mentiras que formaram essa paisagem afetiva estilhaçada.
E então chega o verso que quase dói fisicamente:
“Fui eu deixado e fico eu estupefato com a vastidão da ausência.” Imenso, preciso, devastador.
O final, porém, guarda uma fresta: esse renascer incerto, mas possível, que talvez venha no “brilho de uma nova manhã”. É a esperança mínima, mas viva e é isso que sustenta o poema.
Um texto belíssimo na sua dor e na sua profundidade.
Bravo poeta👏🏻👏🏻👏🏻
Abraço,
Fernanda
Bom dia Fernanda. Fico impressionado com sua sensibilidade. E tocante e um privilégio ler seus comentários tão precisos e sensível. Muito obrigado pelo comentário minha amiga. Abraço querida!
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