Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Hoje é dia de reflexão por aqui! Vem conferir!
Um Liquidificador Dentro Da Minha Cabeça.
Tem dias que acordo com um barulho que não vem da rua, nem do vizinho que tosse como se o pulmão fosse protesto. Vem de dentro. Um zunido. Um grito rotativo. Um liquidificador dentro da minha cabeça. Sem tampa.
O pensamento, coitado, vai girando no eixo do delírio cotidiano. Mistura o que não deveria ser misturado: contas atrasadas, infância perdida, cheiro de café com tristeza de segunda-feira. A memória, essa traidora filha da puta, despeja lembranças sem perguntar se estou preparado. E lá vai a saudade do meu pai, o som da máquina de costura da minha mãe, o silêncio da casa quando todos ainda moravam nela.
Tudo gira. Gira. Gira.
E eu, no centro da cozinha mental, tentando alcançar o botão de desligar.
Mas o mundo não espera.
O relógio não espera.
Nem o motorista do ônibus, nem o cara do aplicativo do Uber, nem a ansiedade que bate ponto antes do café da manhã.
Sou uma receita que nunca fica pronta. Às vezes me acho suco, outras, massa embolada. Já me senti sopa fria, já me sonhei vitamina de esperança. Mas a verdade é que sou mistura — uma bagunça de amores e prazos — num copo trincado de tempo.
O mais curioso é que aprendi a conversar com esse ruído. Em vez de fugir dele, sentei-me ao lado. Fiz um café (sim, o segundo do dia), e falei com o barulho como quem fala com um velho conhecido: E AÍ, VOLTOU CEDO HOJE, HEIN?
Ele não responde. Nunca responde. Mas escuta, eu sei.
Há dias em que ele traz vozes do passado. O riso do meu irmão quando éramos só dois moleques inventando mundos no quintal. A voz da minha professora da quinta série, me dizendo que eu escrevia bonito — e eu acreditando que isso bastava para ser alguém. Hoje, escrevo e ainda me pergunto: BONITO PRA QUÊ?
Outros dias, o barulho vem com pesos. Notas fiscais. Comparações. Olhares que não foram dados. Beijos que não foram retribuídos. Uma solidão que parece de estimação — fica ali, deitadinha nos pés da cama, abanando o rabo quando volto pra casa.
Às vezes, quando tudo fica mais alto do que eu, eu choro. Homem chora gente. E o choro é o botão que ninguém vê, mas que por segundos silencia tudo. Só por segundos. Depois, o barulho volta. Sempre volta.
Por vezes, penso que escrevo não para entender o caos, mas para conseguir oscilar com ele. Como quem pisa na sala escura, tropeça no sofá, derruba a planta e ainda assim chama aquilo de coreografia. A palavra, quando escrita com o sangue calmo, tem o poder de enlaçar o furacão e fazer dele um sussurro.
Hoje escrevo porque não sei o que fazer com esse som. Esse turbilhão. Esse tudo ao mesmo tempo agora que insiste em existir entre uma respiração e outra. Escrevo porque tenho medo de que, se eu não escrever, o barulho me escreva — e eu acabe sendo uma história que nunca escolhi contar.
E no fim do dia, quando a noite se deita em mim como uma coberta puída, o liquidificador desacelera. Não desliga, mas cansa. E eu também. E nessa exaustão dividida, fazemos um pacto silencioso: eu deixo ele girar, ele me deixa dormir.
E deste modo seguimos.
Ele, moendo meus dias.
Eu, tentando transformar o ruído em poesia como um incrédulo desiludido da vida deste país de merda. É isso! Até a próxima!
Por vezes precisamos de ajuda especializada. Reflita sobre isso.
ResponderExcluir*
Saúde, Paz e Amor.
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Levarei a sugestão, embora acredite que não irá funcionar. Abraço!
ExcluirCuidado com a saúde. Não são boas indicações.
ResponderExcluirCumprimentos poéticos
Obrigado Ryk@rdo. Abraço!
ExcluirMinha mente também é bem inquieta. Gostei da reflexão.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
Pois é Emerson! Só quem tem uma mente inquieta sabe. Boa semana. Abraço!
ExcluirE aí, beleza?
ResponderExcluirCreio que todo mundo vive de forma mais intensa ou mais branda com esse barulho que vem de dentro e que é pródigo em aparecer em horas inusitadas. No meu caso, muitas vezes quando ponho a cabeça no travesseiro e ideias como "como será minha morte"? me assaltam e não me deixam dormir. Esse nosso mundo interior é fogo que arde sem se vê...conversar com ele é a melhor forma de domá-lo. Creio que é isso que os psicólogos acabam fazendo em suas análises. Também escrevê-lo, como agora você fez brilhantemente.
abraços
Oi, Eduardo! Verdade o interior de uma pessoa é um universo indecifrável. São tantas emoções, frustrações, desejos, sentimentos. Tudo junto e misturado, transformando-nos em seres complexos. Abraço!
ExcluirOi Luciano, tudo bem?
ResponderExcluirSou ansiosa e me identifiquei bastante com o texto, tem dias que são mais difíceis mesmo.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Oi, Priscila! Estou bem, espero que você também esteja bem. Sim, há dias mais difíceis que outros. Abraço!
ExcluirOi!
ResponderExcluirMe identifiquei com essa sensação de mente inquieta, sobre a minha pensa numa mente em que adora trabalhar mil cenários.
https://deiumjeito.blogspot.com/
Oi, Giovana! Que bom que você tenha se identificado. Abraço!
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