Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Hoje é dia de dica e reflexão por aqui! Vem conferir!
A Escrita E A Critica Literária.
De vez em quando, volto a refletir sobre este assunto. Não por um desejo egoísta de me destacar nas complexidades da escrita, mas talvez como um exercício metalinguístico: a arte de escrever. É uma atividade da qual não consigo escapar, pois dedico uma boa parte do meu tempo à escrita. Assim como uma beata que se arruma para ir à missa dominical, não apenas para ouvir os rituais, mas também para ser admirada por sua beleza e elegância, a escrita também precisa de uma estética cuidadosa. Para que a escrita seja boa, ela deve ser enfeitada com as melhores escolhas de palavras, e aprender a fazê-lo requer técnica, prática constante e um empenho contínuo em aperfeiçoar-se.
Dizer que é fácil seria um grande engano. Leio meu texto repetidamente e ainda encontro algo que não está certo: uma palavra que poderia ser trocada por um sinônimo mais adequado, uma construção frasal que não flui bem, ou uma vírgula que parece deslocada. Ah, as vírgulas! Por mais que revise meu texto, sempre acabo encontrando uma vírgula que está faltando ou mal colocada. E, como alguns pensam, não devemos desmerecer a importância desse pequeno sinal gráfico — um simples risquinho — porque, para o professor Celso Pedro Luft, vírgulas mal colocadas refletem “confusão mental, indisciplina do espírito e falta de domínio das ideias e do fraseado”. Em outras palavras, segundo esse respeitado professor, quem não sabe usar as vírgulas não sabe escrever. Ponto final.
Em resumo, escreve bem quem possui talento e um bom domínio da língua portuguesa e das técnicas para usá-la corretamente. O talento, dizem, é algo inato. Já para desenvolver uma boa técnica, é preciso ler e escrever bastante — sempre. E isso demanda tempo. Com o tempo (que possibilita a prática), podemos nos aprimorar, melhorar a qualidade do nosso texto, encontrar um estilo próprio e, quem sabe, deixar para trás velhos vícios.
Epígrafes são um recurso interessante, mas parecem um pouco ultrapassadas (os leitores já devem estar cansados de ouvir tantas frases de Sêneca, Aristóteles, Santo Agostinho e até de tantos outros). Os clichês também costumam invadir nossos textos (como o cansativo “diga-se de passagem”), mas inevitavelmente acabamos usando um ou outro. E por falar em inevitabilidade, advérbios são outra praga. Frequentemente, acabamos usando-os. Também devemos evitar a repetição desnecessária de expressões que já foram mencionadas. Nesse caso, podemos recorrer a sinônimos. No entanto, nosso cérebro tem a tendência de trazer à tona palavras que parecem novas, mas que na verdade já foram usadas. E ainda há a questão dos tempos verbais. Vejo muitas pessoas boas que, em uma narrativa centrada em um único conflito e que ocorre em um único fluxo temporal, misturam verbos no passado e no presente, descontextualizando a relação entre tempo e espaço. Começam um relato no passado e, de repente, introduzem um verbo no presente (ou vice-versa). Por exemplo: “Lavou as mãos assim que acordou e, ao ver seu reflexo no espelho, assusta-se.” Até eu, que não sou um grande escritor, me surpreendo com essas incongruências…
Portanto, escrever é isso: pouco retorno financeiro e muitas frustrações. E quando você é um escritor desconhecido, a análise geralmente vem não pela qualidade do seu texto, mas pelos seus erros. É cruel, mas é real! Infelizmente! É que o leitor (esse ser humano com suas peculiaridades e manias) não costuma ter uma visão generosa sobre quem está apenas começando a trilhar o longo caminho que pode levá-lo ao reconhecimento. Para aqueles que já chegaram lá, aplausos. Para os que, como eu, ainda estão nas curvas tortuosas do caminho, qualquer erro pontual será notado. E não tenha dúvidas de que esse pequeno deslize será o motivo pelo qual seu texto será julgado, em geral negativamente.
E não é porque eu não escrevi uma obra-prima — e provavelmente não será conferido a nenhuma das minhas obras esse prestígio — que deixarei de me considerar um escritor. Mediano, possivelmente, mas ainda assim escritor. Imperfeito, sem dúvida, mas escritor. E mesmo sabendo que não sou capaz de criar algo tão perfeito quanto a escultura que Da Vinci fez, logo que terminar este texto, começarei outro. Aqueles que atribuem à escrita a mesma importância que o ar que respiram superam esses pequenos obstáculos e seguem em frente. Eu sempre fiz assim e, para ser sincero, continuarei a fazer. E quando não consigo superar, para não sucumbir à frustração, escrevo sobre isso — seja uma crônica, um conto, um poema ou uma novela. O importante é escrever; caso contrário, nunca serei um verdadeiro escritor.
Escrever é um ato contínuo de superação, um compromisso com a expressão e a busca por um estilo próprio. Cada texto é uma nova oportunidade de aprender, de experimentar, de se arriscar. Mesmo que o resultado não seja sempre satisfatório, cada tentativa é um passo em direção ao aprimoramento. É na prática constante que encontramos a nossa voz, ajustamos a nossa técnica e, quem sabe, começamos a deixar uma marca no mundo das letras.
A caminhada da escrita é repleta de altos e baixos. Haverá dias em que as palavras fluirão como um rio, e outros em que parecerão estar presas em um labirinto sem saída. Mas é justamente nesses momentos de dificuldade que aprendemos mais sobre nós mesmos e sobre a arte de escrever. Cada desafio enfrentado, cada erro cometido, nos ensina a ser mais críticos e autênticos em nossa produção literaria.
Além disso, a leitura desempenha um papel fundamental nesse processo. Ler diferentes estilos e gêneros nos expõe a novas ideias e formas de construção textual. É como se estivéssemos conversando com grandes escritores, absorvendo suas técnicas e perspectivas. Essa troca constante entre ler e escrever é o que nos permite crescer como escritores.
Por fim, é necessário lembrar que cada um tem seu próprio caminho. Comparar-se aos outros pode ser um veneno para a criatividade. O que conta é a nossa trajetória, as nossas experiências e a forma como escolhemos contar nossas histórias. Portanto, se há algo que aprendi ao longo do tempo, é que o verdadeiro valor da escrita está na autenticidade e na paixão que colocamos em cada palavra. O restante é consequência!
Assim, mesmo diante das dificuldades e das críticas, continuo a escrever. Afinal, ser escritor é muito mais do que produzir textos; é um estado de espírito, uma forma de viver e de ver o mundo. E enquanto houver uma história dentro de mim clamando para ser contada, estarei sempre pronto para colocar a caneta no papel e dar vida a novas narrativas. É isso! Até a próxima postagem!
Luciano, meu amigo.
ResponderExcluirEu me identifiquei bastante com seu texto.
Eu também sou escritor e posso dizer que "o negócio é feio!"
O meu primeiro livro ganhou um concurso literário da extinat editora Habberman, e como premiação eles puclicaram 500 livros. Vendeu tudo e isso me empolgou muito.
O segundo livro eu, depois de mandar para algumas editoras e receber um monte de propostas indecentes, resolvi publicar pela Uiclap, que é uma plataforma de publicação por demanda. Esse já vendeu perto de 100 exemplares.
Resolvi colocar o primeiro livro na Uiclap também, e vendeu mais um tanto.
O problema é que as editoras extão preocupadas se o seu Instagram tem bastante seguidores, e não se a msua obra tem qualidade.
Isso eu ouvi de mais de um editor.
Por isso, no momento eu estou desanimado de escrever.
Sei que um dia vou voltar, mas por enquanto estou lendo, estudando, corrigindo livros de outros autores, (não ortograficamente, mas vendo as incongruências, o ritmo, os furos, sugerindo saídas, e fazendo leituras seinsíveis).
Mas sabe, eu fico pistola quando falo para um autor estudar, ler clássicos, ler livros que ensinam a escrever e os caras tem preguiça, e aí postam besteira no Instagram, conquistam seguidores e publicam porcaria.
Infelizmente a literatura de hoje está assim.
No momento estou lendo Torto Arado, um livro que ganhou vários prêmios, e que ganhou elogios dos "ícones" da cultura brasileira.
Mas o livro não tem um diálogo de verdade, quando tem é na cabeça da narradora e está entre aspas, e por isso, estou achando chato e cansativo.
Outra coisa: quem narra é uma moça, criada na roça, com pouquíssima escolaridade, e ela fala palavras cultas e forma frases mirabolantes... Pode ser que até o final do livro ela se forme em língua Portuguesa, kkkkkkkkkk, mas se isso não acontecer, a narração está totalmente furada.
Isso é oq ue chateia a gente. Um livro desses ganhar tanto destaque, não por ser bem escrito, mas por abordar assuntos que estão na moda entre os "cultos" do momento.
Indico dois livros pra você: Sobre a escrita, do Stephen King e Para ler como um escritor, de Francine Prose. Sensacionais.
Ops! Desculpa se escrevi demais.
Um abraço!
Oi, André! Realmente, não é um caminho fácil, infelizmente! Hoje em dia, parece que o número de seguidores no Instagram vale mais do que um livro bem escrito. É a realidade! Uma pena! Já li TORTO ARADO e, apesar de reconhecer que é um bom livro, não curti muito. Também li SOBRE A ESCRITA mas ainda não li PARA LER COMO UM ESCRITOR. Agradeço pelas sugestões literárias, é sempre ótimo receber indicações de livros interessantes! E quanto ao comentário longo, não se preocupe, na verdade eu até gosto de ler textos mais extensos. A verdade, muitas pessoas acabam sendo preguiçosas e acomodadas, e isso é algo comum. Na minha opinião, o grande problema é a falta de foco no que realmente querem fazer. Se alguém deseja ser escritor, precisa ler bastante e se dedicar a melhorar e estudar a escrita. Mas, muitas vezes, as pessoas escolhem o caminho mais fácil e se acomodam na própria falta de foco. Você realmente acha que um cara de 18, 20 ou 25 anos vai se dedicar à escrita? É difícil, né? Geralmente, eles querem aproveitar a vida ao máximo e ostentar o que têm, principalmente se têm condições financeiras. Para pessoas mais velhas, como nós, é mais fácil focar em algo, como a escrita, porque viemos de uma época diferente da atual. O avanço da tecnologia só tende a piorar isso. Imagine como será o mundo em 20, 30 anos se continuarmos nesse ritmo, onde quase tudo é feito com o auxílio de inteligências artificiais. As pessoas acomodadas vão perder ainda mais o foco. A geração atual realmente reflete essa realidade que você mencionou. Abraço!
ExcluirOi!
ResponderExcluirEssas coisas mais "artísticas" como escrever ou desenhar eu sempre tento não encarar muito o resultado final, pois sempre vou encontrando essas sugestões que você mencionou no texto, daí se eu for focar nisso sinto que nunca finalizarei nada. E realmente a gente não está na posição do Da Vinci para entregar algo épico, mas é sempre importante entregar algo.
https://deiumjeito.blogspot.com/
Oi, Giovana! Ainda bem que você não foca tanto nisso que você mencionou. O escritor sempre entrega algo, pode ser algo que não lhe agrade, mas sempre entrega. Abraço!
ExcluirOi Luciano, gostei de ler sua reflexão. Pra ser sincera eu não reflito muito sobre a escrita, pois se sem fazer isso já escrevo pouco, imagina se parar pra pensar. Se tem acompanhado meu blog, Universo Invisível, sabe quanto estou parada com os meus textos ficcionais. Escrever está longe de ser algo fácil e nos dias de hoje, com a pouca valorização que a gente tem, não estou nem falando financeiramente, mas sobre o reconhecimento e interesse das pessoas mesmo, pensar no quanto temos que estudar para colocar as palavras em ordem, me desanima antes de começar. No entanto, acho que escritora é algo que eu nunca deixarei de ser, mesmo que não publique mais nada.
ResponderExcluirAté breve;
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
Oi, Helaina! Hoje em dia o escritor está muito desvalorizado. Uma pena! Escrevemos por amor à essa arte tão bonita. Abraço!
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