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Poema: Ser Das Profundezas Do Inferno

Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de poema por aqui. Vem conferir! Poema: Ser Das Profundezas Do Inferno No fundo da noite, sombrio mistério. Emerge um ser das profundezas do inferno. Demônio de olhos ardentes, brasa de sátiro. Com sua mente perversa, encanto eterno. Com dedos longos e garras afiadas. Ele tece teias de medo em cada canto. Sussurrando segredos de morte e desespero. Instigando o mal e alimentando o pranto. Possui uma língua viperina, traiçoeira. Que seduz e corrompe os corações mais puros. Engana os incautos com promessas de prazer. Leva-os ao abismo, aprisionados em seus muros. Demônio de pele em chamas, figura distorcida. Carrega consigo o veneno da tentação. Invade os sonhos e corrompe a razão. Arrasta as almas perdidas para a perdição. Sua risada diabólica ecoa em meio à escuridão. Enquanto desfaz os laços que unem os amantes. Ele envenena a esperança e a fé dos crentes. Semeia a discórdia entre irmãos e seus diamantes. Mas mesmo nas

Aquela Triste Poesia Ambulante

Num certo dia eu vi um homem.
Não era muito velho nem muito novo. Não parecia querer chorar.
Tinha jeito de quem morria de fome, se vestia mal e cheirava tristemente.
Todos os dias eu passava por esse homem, pois o ônibus que me
permitia chegar ao lugar onde eu trabalho, passava pela esquina na qual ele
morava. E todos os dias eu o via no mesmo lugar, doentemente drogado.
fazendo os mesmos movimentos com os braços: chacoalhando de um lado
para o outro, as vezes parecendo tocar sua guitarra invisível, não com tanto
amor como algum guitarrista famoso, mas provavelmente com grandioso talento
também.
Aquele homem não fazia diferença na vida de ninguém. Nós, seres
humanos frequentadores daquele bairro, éramos indiferentes a sua
existência, ainda que de certa forma ele transbordasse uma curiosa
maluquez e que pusesse medo em senhoras e crianças de forma frequente.
Aquele homem não tinha a menor noção de como era abençoado por ser
um ser. Ele não sabia que em cada átomo do seu corpo havia a essência da
vida, o Amor. Aquele homem apenas respirava, machucava o seu corpo e a
sua alma com substâncias tóxicas que limitavam a sua consciência e se
reduzia, sem saber que a vida era tão maior que isso, à inércia. Se aquele
homem um dia teve sonhos, o descompassado movimento de seus braços
não deixava parecer. Se aquele homem amava e sorria, a palidez de seu
olhar escondia ferozmente.
Foi justamente isso que me incomodou certa vez, enquanto ao
passar por ele eu ouvia música suave. Acredito veemente que as músicas
possuem uma capacidade aguda para potencializar a nossa sensibilidade e
muitas vezes abrir os nossos sentidos para simples verdades. Foi quando
ele de repente me deu medo que eu percebi a poesia gasta da sua
essência, e aí eu descobri que aquele homem não sabia que existia. Isso me
entristeceu.
Assim, subitamente, pus-me a refletir sobre todas as outras
pessoas, inclusive sobre aquelas que possuem casa, cheiram a perfume,
não morrem de fome, mas tampouco vivem de nada. São seres fantásticos e
vibrantes, muitas vezes já foram adolescentes revolucionários, que
cresceram e deixaram escapar o brilho dos olhos. Acostumados com a
rotina que matam um pouquinho do que são, dia após dia, não possuem
tempo para aproveitar os pequenos prazeres da vida, tampouco possuem
tempo para criticar o próprio comportamento padronizado. São seres que
abandonaram os seus sonhos ao se acomodarem com um presente pouco
satisfatório, graças ao medo das consequências que os riscos podem
proporcionar. Acordam todos os dias mas não tem vontade de levantar,
pois a perspectiva do dia que está por vir não os estimula. Trabalham até
cansar, muitas vezes executando tarefas indesejáveis, e no fim do dia
voltam para casa, para realizar as outras pequenas obrigações rotineiras,
tomar banho, comer, dormir, trabalhar e outras coisas mais.
No fim do mês ganham um dinheiro, e com esse dinheiro pagam
por coisas pelas quais nunca tiveram verdadeiro interesse. Coagidas pela
sociedade, dia após dias as pessoas esquecem de como são fantásticas. As
pessoas não se maravilham com a sua própria existência e ainda acreditam
que fazer de suas vidas algo extraordinário é pretensão de filme romântico
ou idealização de adolescente anarquista. Mas eu, que sou apenas outro
ser, mas que me permito a calma e o gozo do presente, me indago; como
podem ter tanta pressa a ponto de se esquecerem de olhar para o Céu?
Como se entretém tanto com os comerciais na TV a ponto de não
questionarem as coisas como elas são? Aquele mendigo na rua. Aquela
triste poesia ambulante certamente não sabe que vive, mas será que nós
todos sabemos mesmo? Será que vivemos? Eu as vejo mais como tijolos em
uma parede gigantesca que tampa o outro lado do mundo.
Mas eu não farei parte dela.
E você fará?

Comentários

  1. Sempre digo e repito: você arrasa muito nos seus textos. E esse me trouxe uma reflexão triste, claro. Infelizmente as pessoas tendem a ignorar, passar reto e até mesmo se assustar com o que lhes é tido como diferente, que saem de seu padrão de conforto. As vezes fazemos isso até sem perceber.

    Abraço,
    Parágrafo Cult

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    1. Oi, Larissa! É verdade infelizmente é uma triste e dura realidade, é uma pena. Que bom que você gostou, fico feliz. Abraço!

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  2. Oi Luciano, infelizmente é uma triste realidade de muitos!
    Adorei seu texto..

    Beijos Mila

    Daily of Books Mila

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  3. Olá...
    Caramba, você escreve muuuito bem! Já publicou algum livro ou pensa nisso?
    O seu texto me fez refletir bastante e me tocou direto no coração... E infelizmente é uma triste realidade, né?
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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    1. Oi, Diane! Grato pelo elogio. Que bom que você gostou do texto. Eu já publiquei vários livros. Estão à venda na Amazon Brasil e AG Books. Beijos!

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  4. Oi, Luciano!
    Você arrasou mais uma vez! Acabei de ver no comentário acima que você já publicou alguns livros e achei bem legal. Infelizmente, o tema que você usou é muito real na nossa sociedade e muitas vezes me pego pensando em como deve ser se sentir tão invisível, né? Muito triste.
    Beijinhos,

    Galáxia dos Desejos

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    1. Oi, Mari! Sim, é triste. Que bom que você gostou do texto. Beijos!

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  5. Olá, Luciano.

    Que excelente reflexão. É o que infelizmente mais vemos hoje em dia. pessoas que passam a vida sem viver.

    Prefácio

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    1. Oi, Sil! É infelizmente é uma realidade cada vez mais presente.

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