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Poema: Quando O Céu Finge Alegria

Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de poema por aqui. Vem conferir! Poema: Quando O Céu Finge Alegria Há um céu que sorri por fora, mas silencia por dentro. Derrama luz como quem tenta curar a penumbra que mora em mim. O dia nasce — não por vontade, mas por insistência. Meu pensamento vagueia entre sombras que fingem ser luz. E nesse intervalo entre a lucidez e o desejo, me perco. O clarão não ilumina o caminho, apenas expõe os cacos do que fui tentando ser. Há beleza — sim. Mas há também a ausência do que era inteiro. O mar, imenso, não responde. Apenas observa minha tentativa de nomear o indizível. Vejo o voo da arara, não como liberdade, mas como ausência de pouso. As cores da praia, as curvas da distração, os corpos em transe ao sol — tudo dança, tudo brilha, mas nada permanece. É o instante que beija e foge. É o desejo que nunca se deita por inteiro. O sol se retira, levando consigo os delírios. E eu fico, como sempre fiquei: no silêncio após o ...

Poema: Quando O Céu Finge Alegria

Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de poema por aqui. Vem conferir!



Poema: Quando O Céu Finge Alegria



Há um céu que sorri por fora, mas silencia por dentro.

Derrama luz como quem tenta curar a penumbra que mora em mim.

O dia nasce — não por vontade, mas por insistência.

Meu pensamento vagueia entre sombras

que fingem ser luz.

E nesse intervalo entre a lucidez e o desejo, me perco.

O clarão não ilumina o caminho, apenas

expõe os cacos do que fui tentando ser.

Há beleza — sim.

Mas há também a ausência do que era inteiro.

O mar, imenso, não responde.

Apenas observa minha tentativa de nomear o indizível.

Vejo o voo da arara, não como liberdade,

mas como ausência de pouso.

As cores da praia, as curvas da distração,

os corpos em transe ao sol — tudo dança,

tudo brilha, mas nada permanece.

É o instante que beija e foge.

É o desejo que nunca se deita por inteiro.

O sol se retira, levando consigo os delírios.

E eu fico, como sempre fiquei: no silêncio após o aplauso, no vazio depois do prazer, no escuro que o azul não alcança.



É isso! Até a próxima!





Autoria: Luciano Otaciano 

Comentários

  1. Bom Dia, Luciano!

    Seu poema atravessa a gente como um vento que sabe por onde passou. Há uma beleza inquieta nesse céu que sorri por fora e silencia por dentro como se a luz também tivesse seus limites diante das penumbras que carregamos.

    Você descreve o amanhecer não como promessa, mas como insistência, e isso é de uma verdade dolorosa. Às vezes o dia nasce e nós ainda estamos recolhidos nos nossos próprios sentimentos, tentando nomear o que nunca coube em palavra alguma.

    O voo da arara como ausência de pouso… que imagem poderosa. É liberdade que dói, é movimento sem chegada tão humano quanto esse vazio depois do aplauso que você tão bem reconhece.

    Seu texto é desses que acendem e ao mesmo tempo desnudam. E, no fundo, há uma beleza imensa nisso: reconhecer a é também um jeito de existir com mais honestidade.
    Muito intenso e lindo!

    Com carinho,
    Fernanda

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  2. Bom dia, Fernanda! Suas palavras tem o poder de confortar o coração. Obrigado!

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