Olá caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Hoje é dia de reflexão por aqui. Vem conferir.
O MEU QUINTAL
Não sei quanto a vocês, mas nutro por entre os recantos da alma uma profunda predileção pela essência verdejante que a natureza tão generosamente oferta. Tenho a ventura de habitar um lar que contempla um vasto quintal, onde pousam árvores frutíferas cujas dádivas doces se me oferecem a qualquer instante, como frutos mágicos a desabrochar em pleno contato com minhas mãos. Distinto dos tempos em que residia entre paredes apertadas de apartamentos, onde tais opulências verdes eram proibidas, agora gozo da companhia de inúmeras espécies, excetuando aquelas uvas e morangos que, por caprichos do destino, não crescem sob meu céu. Mesmo assim, um imponente coqueiro estende seus galhos ao firmamento, majestoso e sereno. Ao empreender a composição de um pomar ou jardim doméstico, é comum que as árvores frutíferas se apresentem como escolhas primordiais, embelezando o espaço e ofertando a frescura da natureza em seus frutos vivos e palpitantes. Contudo, é salutar ponderar com cautela, pois nem toda árvore é hóspede gentil às áreas residenciais. Algumas dentre elas ocultam armadilhas sutis que, embora à primeira vista inofensivas, podem trazer perplexidades — ora pela agressão que impõem às estruturas do lar, ora pelos riscos dissimulados à saúde daqueles que a cercam. Plantar a árvore imprópria é lançar uma sombra sobre o sonho de um paraíso verde, transformando-o em inquietação de difícil reparo. Portanto advirto sobre espécies que se recomendam a evitar nas proximidades do lar. A bananeira, tão comum e simples em sua aparência, possui um caule úmido e espesso, conhecido como pseudocaule, reduto ideal para cobras e caramujos. Além disso, a abundância da palha desprendida, que ao cair desvanece o quintal numa dança de folhas secas, pode alojar escorpiões indesejados. E mais, esses detritos acumulam-se de modo a reter água estagnada, propiciando a proliferação do mosquito da dengue e atraindo pernilongos, criaturas que fazem do repouso um tormento. Assim, ao contemplar o design de seu jardim frutífero, recorde o meu conselho: a escolha cuidadosa das espécies não é mero capricho, mas a arte que guarda
o equilíbrio entre a beleza natural e a harmonia do lar, assegurando que esse refúgio verde seja fonte de júbilo e não de aflição. Que as árvores escolhidas sejam aliadas da vida, irradiando frescor e doçura, sem perturbar o sossego sagrado de sua morada. O maracujazeiro, com suas flores vibrantes como pequenas dançarinas sob a luz solar, atrai uma legião de visitantes alados — abelhas diligentes e as vigorosas mamangavas, cujas presenças trazem um vivo zumbido ao ar. Esta árvore, expansiva e cheia de vida, estende seus braços pelos telhados e muros vizinhos, sua folhagem exuberante espalhando pequenos vestígios pelo quintal, enquanto lagartas curiosas se aventuram entre suas folhas. Já a parreira de uva ergue-se majestosa, sustentada por vibrantes madeiras que suportam seus cachos pesados, promessas doces da colheita vindoura. Aos poucos, suas vinhas serpenteiam pelo céu dos telhados, entrelaçam aparelhos de ar-condicionado e acolhem descansando em cercas e muros, conectando jardins vizinhos numa dança verde e indomável. Seu cuidado requer podas dedicadas e limpezas que celebram o ciclo das estações. O coqueiro, com sua imponência tropical, oferece coroas exuberantes que ondulam à brisa, enquanto seus frutos majestosos se equilibram lá no alto. Embora sua sombra convidativa decore pátios e piscinas, é preciso lembrar do impacto dos cocos que eventualmente descem para tocar a Terra, impressionantes em seu peso e potencial para pequenos encontros acidentais. Também atraem companheiros insetos, cada um participando deste microcosmo natural. Nas sombras generosas da mangueira, os frutos amadurecem, prometendo suculência e doçura para os dias quentes. Suas mangas, quando caem, espalham presenças que requerem atenção para que o piso reflita apenas segurança, não escorregadias surpresas. As raízes poderosas da mangueira também são artistas ao criar marcas sutis em pisos e calçadas, enquanto a árvore, majestosa, pede cuidados para manter sua força e graça. O abacateiro, gigante silencioso que alcança alturas impressionantes, presenteia seus guardiões com frutos robustos que, além de alimento, são testemunhas de uma generosidade natural que, porém, exige vigilância diante da sua queda e o colorido tapete de folhas que reveste o solo, há espécies que encontram seu reino perfeito em vasos, jardins e canteiros bem iluminados e arejados. Plantas como jabuticaba, mirtilo, romã, acerola, limão siciliano, pitanga, lichia, abacaxi e goiaba nascem e crescem em harmonia com espaços menores, facilitando a colheita e o manejo delicado da poda. O morango, particularmente encantador em vasos suspensos, se adapta com graça às varandas e sacadas, um convite à contemplação e sabor sem sair do conforto do lar. Entre essas espécies, a acerola e a jabuticaba brilham pela rapidez em frutificar, presenteando até três vezes ao ano aqueles que lhes dedicam cuidados regulares — um ritual sutil de rega e atenção, especialmente nos meses quentes e secos. Assim, com paciência e espaço adequado, qualquer quintal pode transformar-se em um teatro permanente da abundância, uma ode ao ciclo da vida e ao sabor natural que brota mesmo nos mais contidos recantos da existência. É isso! Até a próxima!
Oi Luciano, eu também acho um deleite morar tão perto da natureza. A maior parte do tempo vivo em um apartamento, mas quando posso ir para a "roça" parece que a energia da gente recarrega com o simples gesto de pisar na grama. Já tive problemas com árvores lindas que não se dão muito bem com vizinhos. Um pé de jambo num quintal pequeno deixa tudo abaixo da sua copa muito úmido além de quebrar calçadas sem piedade com suas raízes. Infelizmente precisou ser cortada.
ResponderExcluirTenha uma boa semana!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
Oi, Helaina! Após anos incontáveis de convivência entre as paredes estreitas de um apartamento, agora posso desfrutar do esplendor de uma casa com um quintal vasto, onde a liberdade se estende como um horizonte infinito, pinto de cores vibrantes sob o céu claro. As cercanias fechadas das paredes de concreto, e a proximidade constante de vizinhos, embora comuns, não mais satisfazem a minha alma sedenta por espaços abertos. Nos dias atuais, à medida que o clima de insegurança cresce nas grandes cidades brasileiras, buscar refúgio nos campos e nas áreas rurais revela-se uma escolha prudente e mais acertada, quase sagrada. Boa semana pra ti também. Abraço!
ExcluirComo eu amo a natureza e tudo que ela tem para nos oferecer. Fico deslumbrado com a quantidade de frutas e frutos diferentes e com sabores próprios. Isso só poderia ser coisa de Deus mesmo.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
Oi, Emerson! A Natureza é perfeita, não? Abraço!
ExcluirTenho a sorte de viver perto de uma zona de campo, então cresci a ver o senhor que cuidava do campo plantar, colher e ainda cuidar de animais, infelizmente os tempos mudaram, e agora esse campo atrás de minha casa já não é cultivado nem tem animais, o que me deixa realmente triste...
ResponderExcluirBjxxx,
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Oi, Teresa! É uma observação melancólica reconhecer que as vastas extensões das áreas rurais estão gradualmente cedendo lugar a construções residenciais. Essa transformação, que se torna cada vez mais comum, evoca uma nostalgia por um tempo em que a natureza e a tranquilidade do campo prevaleciam, antes de serem substituídas pela incessante marchar do progresso. A beleza serena desses espaços, que antes respiravam vida e simplicidade, agora se vê ameaçada pela urbanização que se expande, quase como um eco distante de um passado que se desvanece. Abraço!
ExcluirEi Lu,
ResponderExcluirAdorando a matéria, quero dizer
que aprendi com meu pai, que
por onde morava, fazia uma
horta e cuidava da terra,
fosse do tamnho que tivesse
a disposição. Também a oportunidade
de em uma dessa mudanças que foram
muitas até meus 16 anos, de morar
na cidade entre Teresópolis e Nova Friburgo,
Areal no RJ, e bem ao lado
de casa havia uma enorme plantação de
cenouras e quando meu pai ficou desempregado
todos os 6 filhos que somos junto com
meu pai e minha mãe, ajudavamos a semear,
depois a irrigar, pq tinha um corrego
ao lado e uma bomba puxava a agus, e depois
a colher, lavar e encaxotar. Adorávamos
colher, por comiamos cenouras a valer. E depois
para lavar, era no córrego, era uma festa.
E como o pagamento era pouco e nós muitas
bocas para alimentar, então comíamos de tudo
com cenouras. Detalhe importante: essa plantação
naquela época, não havia uso de agrotóxico ou
pesticidas.
Adorei essa viagem que sua publicação me
conduziu.
Bjins
CatiahôAlc.
Ah, ia esquecendo de dizer
Excluirque ei hj sou como meu pai,
onde morar, arrumo um espacinho
pra plantar, atualmente moro em
1 4º andar, e tenho palntado em vasos
e floreiras: Temperos, Chas, Flores como
Girassol e até um maracujazeiro que deve
florir em breve.
Bjins
Oi, Catiaho! É com grande satisfação que percebo seu apreço pela postagem. A região serrana do Rio de Janeiro é, de fato, uma joia inestimável, embora lamentavelmente poucos tenham a oportunidade de contemplar a grandiosidade que ali se revela. A Natureza, em sua sabedoria intrínseca, nos oferece lições valiosas que absorvemos cotidianamente. É uma pena que, na contemporaneidade, muitos espaços verdes estejam se convertendo em áreas urbanizáveis, dando origem a favelas que ostentam uma qualidade de vida aquém do que todo ser humano deveria usufruir. Ademais, a mídia parece insistir em que os indivíduos que habitam tais locais sintam-se confortáveis em viver em um ambiente tão precário. Isso é, sem dúvida, alarmante. A própria existência das favelas é um indicativo de falhas profundas na governança. Nos tempos atuais, percebo que não há alternativa mais sensata do que optar por residir distantes das grandes metrópoles brasileiras. Infelizmente. Abraco!
ExcluirLu, sua fala na resposta ao meu comentário me
Excluirlembrou uma fato que vi acontecer. Moro no ES
na cidade de Vila Velha e morei por 18 anos em
um condomínio de predios baixo, ao redor do condominio
por dentro e por fora haviam jardins e muitas plantas. Cada 1º andar
tinha 2 jardins. Ao longo dos 18 anos e aos poucos,
foram substituindo os jardins por espaço cimentado e foram cortando
as árvores de uma fruta que os passaros comem,
ao redor e pondo no lugar plantas de enfeite e pequenas.
Mudei de bairro há 1 ano e meio e sabe o que aconteceu lá?
Começaram a surgir rachaduras nos apartamentos a ponto
dos moradores proprietarios precisarem mudar enquanto
lutam por direitos. Na minha visão, tudo ressecou e
com o calor e sol quente as rachaduras eram mesmo
o que ia acontecer.
É triste...
É lamentável a conjuntura que aflige a população brasileira. O que agrava ainda mais essa realidade é a ausência de perspectivas de transformação por parte dos governantes que exercem a liderança neste país.
ExcluirLuciano,
ResponderExcluirAmei o passei😍
teu texto é um verdadeiro passeio poético pelo universo verde que habitas. Com linguagem rica e sensível, consegues unir o encanto da natureza à sabedoria prática do cuidado. Cada árvore que mencionas ganha vida, quase como personagem que compartilha da tua casa e do teu tempo.
Encantas ao revelar o quintal como espaço de contemplação e aprendizado um lugar onde a beleza exige atenção e onde o verde, para florescer, pede equilíbrio. Teu olhar transita com leveza entre o lirismo e o conselho, entre o prazer estético e a responsabilidade.
No fim, o texto deixa a sensação de que cultivar um jardim é também cultivar o espírito um gesto de amor paciente e silencioso.
🙏🏻
Fernanda
Oi, Fernanda! Muito obrigado. Saber que você tenha sentido o texto ao lê-lo me deixa feliz. Abraço!
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