Olá caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão? Hoje é dia de reflexão por aqui. Vem conferir.
A LUZ QUE VEM DE DENTRO
Outro dia, sentado na varanda de minha casa, olhando o vento brincar com as folhas da amendoeira, me peguei pensando na diferença entre saber e acreditar. Não foi nada muito rebuscado, desses pensamentos que exigem livro grosso ou palestra motivacional. Foi só um estalo. Um desses lampejos que vêm do nada, como se alguém tivesse acendido uma lâmpada no porão da alma.
O verdadeiro saber, percebi, não vem de fora. Não está na capa dura da enciclopédia nem na voz grave de quem fala bonito. Ele nasce dentro da gente, feito nascente de rio. Vem de um lugar silencioso, íntimo, onde mora o que chamam de Verdadeira Natureza — com V e N maiúsculos mesmo, porque é sagrado.
Acreditar, por outro lado, é coisa ensinada. É a herança que a gente carrega sem saber se vale. A gente acredita porque disseram, porque leu em algum canto, porque ensinaram na escola, porque a mãe falou. Vai acumulando essas crenças feito quem junta retalhos pra fazer uma colcha. No fim, a colcha vira armadura. Bonita por fora, mas pesada por dentro.
E aí vem o problema: essa armadura molda a gente. Faz escolher caminhos, repetir padrões, rejeitar o que não encaixa. As crenças viram certezas, e as certezas viram prisão. Gaiolas de ouro, às vezes. Mas ainda assim, gaiolas.
Somos escravos daquilo que temos certeza.
O saber liberta, mas a crença, quando aceita sem digestão, acorrenta.
Tem gente que ouve algo e acredita de imediato. Tem gente que ignora tudo. No fim das contas, os dois estão no mesmo barco — um barco chamado ignorância, que navega sem rumo no mar das suposições.
Ou você sabe, ou não sabe. Não tem meio-termo.
A vida já é complicada demais pra gente querer enfeitar o que é simples. Saber de verdade é como a luz do sol atravessando a cortina num domingo preguiçoso de manhã: não precisa de explicação. Só se sente. E quando se sente, tudo muda. É isso! Até a próxima!
Belo texto, Luciano.
ResponderExcluirObrigado Fabiano. Abraço!
ExcluirOi Luciano, eu também gosto de me perder em reflexões como essa. É bem verdade o que você falou sobre a colcha de retalhos de crenças limitantes. Mesmo sem um terapeuta tenho buscado em mim esses padrões que eu nem sabia que estavam lá para tentar me livrar da gaiola. É um trabalho difícil, principalmente quando você precisa fazê-lo sozinha, mas gratificante. As mudanças acontecem aos poucos, mas a liberdade que o saber te traz, não tem preço.
ResponderExcluirTenha uma boa semana!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
Oi, Helaina! É ótimo saber que você curte se perder em pensamentos. Isso realmente faz bem para a alma. Normalmente, as mudanças acontecem de forma lenta e gradual, consequentemente desagrada muita gente, vez que num mundo apressado como o atual, quase todo mundo quer resultados rápidos. Tenha uma boa semana também. Abraço!
ExcluirOi!
ResponderExcluirBela reflexão, e realmente o saber é libertador que leva ao ponto de não ter medo de perguntar ou pesquisar para saber mais.
https://deiumjeito.blogspot.com/
Oi, Giovana! De pleno acordo. Abraço!
ExcluirOi, Emerson! Obrigado. Boa semana. Abraço!
ResponderExcluirBoa reflexão.
ResponderExcluirComo já dizia Carl Sagan, o mundo anda muito assombrado por demônios. Um deles é a ignorância .
Oi, Eduardo! Valeu! A ignorância tem sido a raiz da ruína da humanidade hoje em dia. Abraço!
ExcluirLuciano,
ResponderExcluirque texto primoroso!
Ele nasce de um instante simples o vento nas folhas, o olhar quieto e, no entanto, alcança uma profundidade que muitos livros não tocam. Há sabedoria na forma como você traduz o saber não como acúmulo de informações, mas como uma espécie de revelação interior, algo que brota do silêncio e se reconhece sem precisar de provas.
A metáfora da colcha que vira armadura é das mais belas e precisas. Mostra como as crenças, mesmo bem-intencionadas, podem nos aprisionar quando deixamos de questioná-las. O que era abrigo vira peso; o que era proteção, vira cárcere. E você ainda tem a sensibilidade de chamar essas prisões de “gaiolas de ouro” expressão que diz tanto sobre a aparência confortável das certezas.
A parte final é uma síntese luminosa: “Saber de verdade é como a luz do sol atravessando a cortina num domingo preguiçoso de manhã.” Essa imagem encerra o texto com uma verdade suave o saber verdadeiro é leve, natural, incontestável porque é vivido, não imposto.
Você escreveu uma reflexão madura, que une filosofia, poesia e espiritualidade numa linguagem acessível e profundamente humana.
É texto para ser lido devagar, respirado, sentido como quem deixa o vento brincar com os pensamentos antes de qualquer conclusão.
Amei te lê-lo.
Fernanda
Oi, Fernanda! É com grande satisfação que recebo seu comentário caloroso. Sinta-se à vontade para retornar sempre que desejar e sempre que suas circunstâncias permitirem. Sua presença será, de fato, apreciada em meu espaço virtual, onde as ideias e reflexões se entrelaçam. Abraço!
ExcluirLuciano,
ResponderExcluiragradeço de coração pela acolhida generosa. É bonito perceber quando um espaço virtual se transforma em um lugar de encontros reais não de corpos, mas de pensamentos, sensibilidades e almas que se reconhecem na palavra. Que bom poder partilhar esse caminho de reflexões, onde cada ideia lançada encontra o tom e floresce em novas percepções. Estarei sempre por aqui, entre pausas e inspirações, deixando que o tempo dite o ritmo dos reencontros.
com carinho,
Fernanda
Obrigado Fernanda. Sua presença neste espaço virtual será sempre acolhida. Abraço!
ExcluirVery thoughtful post. Thank you so much for sharing. Warm greetings from Montreal, Canada.
ResponderExcluirThanks!
ExcluirOi Luciano!
ResponderExcluirAdorei a tua postagem e concordo plenamente com o que está dito. Também gosto muito de transitar pelo campo das ideias e, para mim, as reflexões são ferramentas poderosas para iluminar o nosso pensar. Sou a favor da humildade intelectual — aceitar que podemos estar errados — pois acho que essa aceitação é essencial para a liberdade de pensamento e para uma vida equilibrada. A meu ver, tudo aquilo que aprendemos através da reflexão crítica é libertador, ao passo que aceitar de modo passivo e automatico as ideias, dogmas e ideologias é um desastre. Assim também, o próprio saber "verdadeiro" e "sagrado" pode conter algumas variáveis: hoje sabemos, amanhã, talvez. Obrigada, por oportunizar minha reflexão.
Abraço, Marli.
Oi, Marly! Que alegria saber que apreciaste a minha postagem! A humildade intelectual, essa virtuosa qualidade que tempera o espírito humano, revela-se como um poder sutil e precioso. Aceitar o próprio equívoco é o prelúdio inevitável para a evolução que ardentemente buscamos neste vasto teatro da existência. Nem sempre é fácil, indubitavelmente, admitir a falha, pois o ego, guardião zeloso do orgulho, frequentemente conspira para impedir tal reconhecimento. A vida, esse campo sem limites, oferece-nos em cada recanto lições silenciosas, que só os olhos atentos e a mente desperta podem dentre as entrelinhas captar. Agradeço-te, pelo teu comentário aqui em meu humilde blog; sinta-se livre para novamente se manifestar quando assim desejar, pois o diálogo aberto é o farol da sabedoria, não é mesmo? Abraço!
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