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Resenha: Fumaça Branca

LIVRO: FUMAÇA BRANCA ANO DE LANÇAMENTO: 2022 AUTORA: TIFFANY D. JACKSON EDITORA: SEGUINTE NÚMERO DE PÁGINAS: 320 CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆☆☆ Sinopse Seguinte: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor. Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios. Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado… ou pode?  Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de resenha por aqui. Vamos conhece

Resenha: Os Tais Caquinhos

LIVRO: OS TAIS CAQUINHOS 

ANO DE LANÇAMENTO: 2021

AUTORA:  NATÉRCIA PONTES

EDITORA:  COMPANHIA DAS LETRAS

NÚMERO DE PÁGINAS: 144

CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆






Sinopse: Este livro é o diário em que Abigail registra suas paixonites agudas seguidas por terríveis desilusões. Anota o que se passa na casa, nas longas tardes de tédio. Conta dos dias em que, sem nada na geladeira, ela e a irmã, Berta, precisam bater na porta das vizinhas para pedir ovos. Os insetos escondidos nas gavetas, as canções de Marina Lima no quarto ao lado, o enfado da escola: Os tais caquinhos é um romance de formação trágico e comovente, capaz de arrancar risos nervosos.








Olá, caros leitores e caríssimas leitoras. Como estão? Preparados para mais uma resenha literária. Vem comigo conhecer!







Certamente você já conheceu ou, até mesmo, conviveu com um acumulador compulsivo, uma pessoa que não consegue se desfazer de coisas supostamente inúteis, tais como embalagens de presentes, caixas de papelão, jornais, revistas, agendas e calendários velhos, copos de geleia ou requeijão usados e toda sorte de objetos que, aos poucos, passam a dominar os ambientes da casa. Lúcio, um dos personagens do recém-lançado romance de Natércia Pontes, sofre deste tipo de distúrbio psíquico, mais conhecido como transtorno do colecionamento. 

Lúcio convive com as duas filhas jovens, Abigail e Berta, em um apartamento próximo à praia em Fortaleza que se transformou em uma espécie de aterro sanitário, onde todos dividem o espaço com as quinquilharias e os insetos. O romance tem como base uma narrativa forte conduzida em primeira pessoa por Abigail a partir de fragmentos de seu diário; ao escrever ela tenta encontrar algum sentido nos caquinhos formados por paixões, desilusões ou ausências – principalmente a da mãe – essas ausências afetivas e a desordem no seu cotidiano familiar não se encaixam no modelo de vida de uma adolescente de classe média quando comparado com as colegas de escola.

O caos doméstico é tão intenso que chega ao ponto de faltar comida na geladeira, não por uma questão financeira e sim por absoluta falta de senso prático de Lúcio, o que força Abigail e Berta a encontrarem formas alternativas de sobrevivência como bater na porta das vizinhas para pedir ovos ou que Berta passe cada vez mais tempo morando em temporadas na casa de uma amiga. Apesar das dificuldades de convivência e algumas brigas entre as irmãs. Essa relação de amor e ódio entre eles é muito bem construída pela autora ao longo do romance, sobretudo ao utilizar uma personagem-narradora que é pouco confiável devido às crises típicas do amadurecimento.

O apartamento 402, onde convive esta família completamente disfuncional, é uma presença tão forte no romance que – com sua geografia caótica que inclui estalactites de vazamentos do teto mofado e cheiros peculiares como o vapor frio e sulfuroso da geladeira com alimentos estragados – pode ser considerado como mais um personagem na trama. Neste ambiente doentio e claustrofóbico todos precisam vencer as suas próprias dificuldades e seguir com a vida. As descrições sensoriais do livro podem chocar leitores mais suscetíveis como, por exemplo, quando a autora lança mão de um CHEIRO DOCE DE BARATA mas há um contexto justificável pra isso. A narrativa é normalmente pontuada por um tom bem-humorado, típico da adolescência, mesmo que essa postura esteja em alguns momentos bem mais próxima do tragicômico, como fica claro no decorrer do romance.  O que me incomodou bastante é que, não há foco na narrativa. Um capítulo sobre a violência sofrida por Abigail antecede em muitos capítulos o momento em que a relação com um gringo mais velho começou. E o problema não é a narrativa não ser linear – até porque diversas outras obras utilizam-se deste recurso de forma primorosa -, mas sim a falta de explicação do tempo, do espaço e das figuras importantes da história.

Entende-se que os três protagonistas vivem em situação precária e caótica, em um apartamento lotado de entulhos guardados através dos anos e com a companhia de incontáveis insetos – e, meu Deus, as baratas são tantas que são quase personagens à parte. Contudo, nada é explicado. O que aconteceu para chegaram àquele ponto – principalmente o papel de Lúcio -, por que as garotas são tão deixadas à própria sorte, onde está a mãe e as outras irmãs. São apenas algumas perguntas não respondidas durante a curta experiência de leitura.

Natércia, por outro lado, consegue laçar o leitor com sua escrita. O texto é bonito de ser lido, mas principalmente de ser falado. Muitas passagens são fortes e carregam um peso emocional que pode assustar e afastar leitores que não estão preparados para encarar as dificuldades banais de um cotidiano triste e comum. Contudo, palavras bonitas e sentimentos expressos de forma crua não são o suficiente para a obra se manter como um romance de formação. Em resumo, OS TAIS CAQUINHOS é uma obra que utiliza técnica eficiente que alterna fluxos de consciência e fragmentos narrativos do diário da personagem, autora nos apresenta um romance de formação diferente e sensível ao escrever sobre um tema sempre importante na literatura: as dores do amadurecimento e as dificuldades das relações humanas, em especial as familiares.

Ansioso para ler mais da autora, mas esperava um pouco mais deste livro em questão.

Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima! 



Comentários

  1. Oi Luciano!
    Já tinha visto o livro pelas redes sociais, fico feliz que tenha gostado da leitura!
    Abraço
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. Oi, Alessandra! Sim, gostei da obra, embora eu esperasse mais dela. Abraço!

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  2. Oie, o livro parece interessante para quem curte o gênero, infelizmente nem sempre acabo ficando atraída por narrativas assim.

    Bjs

    Imersão Literária

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  3. Hummmm
    parece que as junçoes talvez pudessem ser melhor trabalhadas, né? Mas achei interessante que a escrita da autora te prendeu, aí já ajuda também!

    Beijos!
    Pâm
    Blog Interrupted Dreamer

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    1. Sim, as junções deixaram um pouco a desejar. A escrita da autora é cativante. Beijo!

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  4. Olá, Luciano.
    Eu achei essa capa bem interessante e o enredo também. Mas não sei se leria o livro. Eu tenho verdadeiro pavor de barata, por isso não acumulo nada hehe.

    Prefácio

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    1. Olá, Sil! A capa é bem atraente né? Nossa, você tem pavor de baratas? A obra é boa, embora eu esperasse mais dela. Abraço!

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  5. Oi!
    Já tinha visto a capa desse livro por aí, mas ele não me chamou muito a atenção por eu não ser muito fã de dramas do tipo, gostei de entender mais da história e que bom que gostou da história o suficiente para querer ler mais histórias da autora!

    https://deiumjeito.blogspot.com/

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    1. Oi, Giovana! Entendo. Eu gostei do livro, pretendo ler outras obras da autora. Abraço!

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  6. Olá, Luciano!

    Gosto de enredos desse género e de livros "complexos". Não conheço nem o nome da autora, mas vou procurar saber.
    Já sei que vc esperava mais do livro, mas não há como ler mais livros dessa escritora, que a mim me prendeu com sua resenha.

    Beijos e boa semana.

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    1. Olá. Céu! Se você gosta deste tipo de livro, provavelmente irá gostar. Beijo e uma boa semana pra você também.

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  7. Luciano, olá!

    Quando eu disse no meu comentário anterior, "não há como ler...", isso significa no Português de Portugal, que você tem que ler outros livros da autora para poder comparar com aquele que já leu. No Português do Brasil, a frase tem um sentido completamente diferente, acho eu.

    Uma feliz tarde.

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    1. Entendi o que você quis dizer. De fato o português do Brasil é um pouco diferente do português de Português. Abraço!

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    2. Bom dia, Luciano!

      Como vai você? Por aqui, temendo a guerra e a inflação disparando.
      Ainda bem que percebeu o sentido da minha frase.
      Se desejar, pode visitar meu blog e deixar comentário. Obrigada!

      Um dia muito feliz.

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    3. Bom dia, Céu! Vou bem, e você? A inflação aqui no Brasil está nas alturas, felizmente o medo da guerra, por aqui é inexistente. Quando der visitarei seu blog. Abraço!

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    4. Boa noite, Luciano!

      Eu estou bem, obrigada!
      Os Portugueses estão com muito receio da guerra, porque estamos na Europa. O Brasil está situado na América do Sul, talvez eu compreenda que, por enquanto, a guerra os não amedronte.
      Muito grata por sua visita e comentário.

      Uma noite feliz.

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    5. Infelizmente a guerra entre Rússia e Ucrânia, poderá causar novos confrontos entre os países aí da Europa.

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  8. Olá Luciano, eu não conhecia a obra, mas fico feliz que, mesmo com algumas ressalvas, a leitura te tenha sido proveitosa. Confesso que essa capa é meio esquisita, não me chamou atenção num primeiro momento, haha. Mas o personagem com transtorno de colecionador é interessante, uma pena que não foi tão bem trabalhado quanto o esperado.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  9. Oi Luciano, tudo bem?
    Ótima resenha! Achei bacana que a autora equilibre a tristeza do cotidiano da família com uma narrativa mais leve, feita por uma das filhas. Parece uma ótima obra.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Ói, Pri. Vou bem, e você? Que bom que gostou da resenha e da dica de livro. Se puder, leia-o. Beijo!

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  10. Parece ser uma leitura bem curiosa.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está de volta com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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    1. Quando puder, não deixe de conferir. Boa semana. Até mais!

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  11. Oi Luciano, tudo bem?
    Primeiro essa capa mega diferente já ganha nossa atenção e o título do livro também, para falar a verdade. E nossa, que história bem diferente de tudo o que estou acostumada a ler. Fiquei bem curiosa principalmente sobre esse ambiente tão bem descrito a ponto de parecer ser um personagem. Pena essa questão da narrativa não ser linear, mas mesmo assim eu quero conferir e me surpreender. Adorei sua resenha!
    OBS: Eu tenho horror a baratas! Risos...
    beijinhos.
    cila.
    https://cantinhoparaleitura.blogspot.com/

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    1. Oi, Cila! Vou bem, e você? A capa chama bastante atenção. Não deixe de conferir. Que bom que gostou da resenha. Beijo!

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  12. Oi Luciano, tudo bem?
    Passando aqui novamente para desejar um ótimo domingo!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  13. Não sei se algum dia será vendido em Portugal, mas confesso que, pela resenha, não parece que seja do meu gosto literário.

    Infelizmente perdi o acesso ao meu blog, a modos que tive de criar novo. Por isso, convido-te a visitar o meu blog novo e se possível, ajuda-me a crescer!
    danielasilva90.blogspot.pt

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    1. Oi, Daniela! Lamento pela sua perda, irei visitar-lhe. Abraço!

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