Resenha: Homem: O Sexo Frágil?

 LIVRO: Homem o Sexo Frágil?

ANO DE LANÇAMENTO: 2000

AUTOR:  Flávio Gikovate

EDITORA:  MG Editores

NUMERO DE PAGINAS: 350

CLASSIFICAÇÃO: ★★★★★

Sinopse:

Com uma visão pessoal da possível evolução de como se estabelecem os padrões de comportamento, o autor nos conduz por raciocínios curiosos e inéditos. O leitor é capaz de visualizar o processo como se olhasse um filme e, ao mesmo tempo, vai se reconhecendo nas emoções e sentimentos.

Gikovate fala de vários tipos de homens, dos quais todos nós, homens e mulheres, queremos saber mais. Porque é desse conhecimento e dessa busca que aprendemos a viver em harmonia, como novos homens e novas mulheres.

Se você ler esta resenha e pensar que o livro é exclusivamente para ser lido por homens está enganado! 

Quer saber o motivo? Explicarei abaixo.

A obra Homem: O sexo frágil? aborda a psicologia masculina desde a infância até a vida adulta, e com bônus, o autor ainda traz um capítulo com a visão do homem sobre a mulher. O autor não é nem um pouco machista, a abordagem que ele fez dos gêneros é sempre embasada em sua farta experiência em clínicas, por isso, o livro é riquíssimo em conteúdo de qualidade e informações valiosíssimas para entender o homem de uma maneira geral. Talvez por algum motivo muitos ainda não sabem, ou fingem não saber sobre as inseguranças do sexo masculino.

Homem é muito inseguro. Quando o leitor desbrava as páginas começa rapidamente a entender o funcionamento do mecanismo do homem por trás dessa insegurança toda. Todavia a leitura poderá deixar alguns leitores chocados. O homem é forçado por meio do machismo com todas suas expectativas sobre a masculinidade até se auto destruir completamente, e as proporções deste sabotamento imposto pela sociedade é cruel para maioria dos homens. Desde criança começa a coisa toda, competição sobre quem tem pênis maior, quem ejacula mais rápido e mais longe, o garoto que se dá bem nessas tarefas geralmente se torna o homem mais agressivo porque relaciona a sexualidade com um comportamento mais violento, e o garoto que não se sai tão bem acaba se tornando muito inseguro, mas ao mesmo tempo, generoso e mais empático. O livro aborda questões cruciais sobre o comportamento masculino na sociedade machista.

Desde a infância os meninos são ensinados a supervalorizarem sua virilidade e a desprezarem assuntos femininos. Se o fizer o menino é taxado de afeminado, em outras palavras não será homem de verdade diante do machismo enraizado na sociedade. Com a puberdade os homens descobrem que são inferiores ás mulheres do ponto de vista sexual, pois as mulheres tem a capacidade de fingir orgasmos e estar sempre prontas para uma relação sexual, mesmo sem libido. O homem não, toda a pressão do momento depende da disposição do pênis do homem, e isso os torna muito inseguros e alguns sentem raiva de as mulheres, pois cometem feminicidio.

O autor aborda muitos quesitos da vida do homem e de sua psicologia, o que dá ao leitor uma fascinação ímpar sobre o assunto. Outro ponto que devo mencionar é como ele sempre faz questão de lembrar que essa é a sua visão, que nada é universal, que existem muitas e muitas exceções.

Gikovate também apresenta uma teoria sobre a homossexualidade que pretendo me aprofundar mais, basicamente ele diz que homossexuais se desenvolvem por que não sentem raiva das mulheres - o desejo sexual é associada a uma espécie de raiva construída durante a infância que Gikovate explica muito bem no livro -, e sim dos homens, pois foram humilhados por eles por nascerem mais delicados, com trejeitos femininos. Flávio sempre ressalta é que os pais sentem muito medo da homossexualidade do filho, e essa forma de criação tentando sempre impor ao máximo a masculinidade associada com a violência ao filho tendo como consequência torná-lo um homem agressivo ou transformá-lo em homossexual.

Confesso que ainda estou absorvendo algumas informações. Aconselho a toda feminista ler esse livro, a abordagem é maravilhosa, eu senti muito feminismo no autor, e o mais legal, de forma bem cética, ele trata da igualdade do homem e da mulher de uma forma em que as diferenças não sejam categorizadas como inferiores ou superiores. Suas teorias são maravilhosas e bastante acessível, pois sua escrita é simples e envolvente. Geralmente livros de não ficção acaba por ser rotulado como leituras chatas e monótonas, mas garanto-lhe que a leitura deste livro é fluida e dinâmica. Outro ponto positivo deste livro são as mensagens que transmite ao leitor. 

Flávio Gikovate passa uma mensagem de que precisamos evoluir nossa forma de educar meninos, parando de segregar os sexos, fazendo os dois gêneros se unirem, sem julgamentos, sem medo da homossexualidade, sem repressões, sem limitar os papéis dos dois, tanto na estética quanto no comportamento. Fazendo isso, a vida social e os relacionamentos entre os dois gêneros serão de uma qualidade muito superior a da atualidade, pois um gênero não é superior ao outro. Se homens e mulheres conseguirem conviver harmoniosamente com suas diferenças, defeitos e qualidades respeitando e auxiliando. O relacionamento cordial entre  ambos só tem a crescer para evolução da espécie humana. 

Recomendadíssimo. Em resumo,  HOMEM: O SEXO FRÁGIL? é uma leitura obrigatória para homens, mulheres e toda sociedade em prol de uma convivência respeitosa entre os gêneros. Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima