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Poema: Vacuidade

Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de poema por aqui. Vem conferir! Poema: Vacuidade No mundo da vacuidade eu me encontro. O vazio permeia cada canto do meu ser. A ausência de sentido me invade e confronto. Uma alma perdida sem nada a querer. Dentro dessa vastidão desprovida de luz. Sinto-me aprisionado numa existência sem brilho. A busca por propósito é uma luta árdua e confusa. Pois tudo ao meu redor se desfaz em restos de entulho. Quanto mais eu busco, mais vazio encontro. Pois a vacuidade é uma companheira constantemente presente. Nada preenche minha alma e meu desespero é um afronte. Perdido em um labirinto sem saída aparente. Vacuidade, cruel e desolada. Como posso escapar desse abismo sem fim? Sinto-me como um ator num palco sem plateia. Representando uma farsa vazia para mim. Mas no âmago desse vácuo, sutilmente. Percebo que a vacuidade é parte da jornada. É nela que encontro a oportunidade. De me redescobrir e criar minha própria estrada. Pois n

Resenha: Aimó

LIVRO: Aimó

ANO DE LANÇAMENTO: 2017

AUTOR:  Reginaldo Prandi

EDITORA: Seguinte

NÚMERO DE PÁGINAS: 258

CLASSIFICAÇÃO: ★★★★★




Sinopse

Imagine se encontrar, de uma hora para a outra, em um mundo totalmente desconhecido onde você não conhece ninguém e ninguém demonstra saber quem você é. É o que acontece com uma menina nascida na África e levada para o Brasil para ser escrava, e que de repente acorda em um lugar estranho, habitado pelos deuses orixás e pelos espíritos dos mortos que aguardam o momento de seu renascimento. Ela não sabe mais o próprio nome nem lembra de sua família — está sozinha e não tem a quem pedir socorro. Por isso, aliás, ganha o nome Aimó, “a menina que ninguém sabe quem é”. Tudo o que ela quer é retornar ao seu mundo de origem, mas para tornar isso possível, Aimó vai partir em uma longa jornada através dos tempos mitológicos, guiada por Exu e Ifá, e vai acompanhar de perto muitas aventuras vividas pelos orixás. Só assim poderá reunir o conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permita, enfim, voltar para casa.





Olá caros leitores e caríssimas leitoras, preparados para mais uma resenha literária. Vamos Conhecer!





Se existissem contos de fadas na cultura negra, com toda a certeza "AIMÓ Uma viagem pelo mundo dos Orixás" seria um deles. Essa é a proposta de "AIMÓ", escrito por Reginaldo Prandi: trazer com leveza e dinamismo o entendimento do mundo dos Orixás, e quebrar o tabu construído em volta da belíssima mitologia Iorubá. Um dos mais incríveis recursos utilizados pelo escritor nessa "contação de histórias" foi a utilização dos 'Odus'. Segundo a tradição Iorubá, tudo que acontece em nossas vidas é uma repetição do que já aconteceu um dia em histórias vividas pelos Orixás. Os Odus são os capítulos que identificam cada uma dessas histórias; no jogo de Búzios ou no Oráculo de Ifá, os Odus são representados. E cada Odu, dentre um total de 16, reúne um grupo de Mitos e Orixás relacionados. No final do livro, encontramos explicações mais detalhadas sobre esse tema. E, não por acaso, a história de "AIMÓ" possui 16 capítulos, cada um contando mitos de Orixás correspondentes aos seus Odus. 

E para começar, o primeiro capítulo, o primeiro Odu, "A menina Esquecida", introduz a história da pequena Aimó. Perdida no Orum, o mundo dos Espíritos, Aimó descobre que não é capaz de voltar para o mundo dos Vivos, a Terra, o Aiê, porque foi esquecida. Não existem memórias suas no mundo dos vivos para que ela possa retornar. E para sair dessa prisão, ela precisará da ajuda dos Orixás.

Aimó, depois de encontrar Olorum - o Orixá primordial, que criou os outros Orixás -, Ifá - o Orixá dos Oráculos, contador de histórias - e Exu - o Orixá mensageiro, da transformação - descobre que, em vida, foi levada de sua terra natal, num país africano, para o Brasil como escrava, após toda sua família ser morta. O tema escravidão é pincelado por diversas vezes no livro, mencionando seus horrores e o sofrimento da população negra africana sequestrada, escravizada e enviada para o Brasil dentro dos navios negreiros. Essa sendo uma forma de nos lembrar como o nosso país foi construído e como foi a vida dos nossos antepassados - ainda hoje, mais de 50% da população brasileira é declaradamente negra, ou seja, descendente daquele povo.

O costume Iorubá atribuía a cada família um Orixá, baseado na sua ascendência, já que os Orixás representam deuses que um dia já foram vivos nesta Terra. Então o Orixá regente de uma pessoa, aquele que o representa e o protege, normalmente seria  passado hereditariamente. Mas Aimó não sabe seu nome de vida, nem de que familia veio, então ela não tem um Orixá regente. Aqui, vemos uma referência ao como o candomblé e a umbanda se estabeleceu no Brasil, onde não era possível descobrir a ascendência das famílias, então os praticantes da religião recebiam a ajuda de mães e pais de santo para descobrir seu Orixá regente. Para voltar à Terra, Aimó precisará de um Orixá regente - no seu caso específico, uma Orixá mulher, uma Aiabá. Não tenho certeza do motivo do autor pela escolha de uma Orixá Feminina, mas em vários momentos Aimó pede por sua mãe, o que indica uma decisão de afinidade, de preferência, como se a garota fosse escolher um modelo materno para se inspirar, de qualquer forma. E a jornada de Aimó se inicia.

Com a ajuda de Ifá e Exu, a garota viaja pelo mundo dos Espíritos para conhecer os mitos dos Orixás e escolher sua nova mãe. Durante sua viagem, entedemos também o sistema de oferendas que se costuma fazer para cada Orixá; também entendemos que, diferente de muitos deuses e deusas de diversas religiões, estes foram humanos um dia, e sua características, personalidades, qualidades e defeitos permanecem. Os Orixás não são seres perfeitos e inatingíveis, são seres muitos semelhantes a nós, porém dotados de forças e poderes diferenciados, recebidos por mérito para ajudar a humanidade.

A primeira Aiabá conhecida por Aimó é Oxum, Orixá do amor, da vaidade e da fertilidade, quando ela presencia a história de como ela trouxe Ogum de volta para o seu povo, atraindo-o de seu exílio com sua beleza. A segunda foi Euá, senhora dos segredos e das fontes, e Aimó conhece a Orixá através do conto onde ela engana a morte para salvar Orunmilá, outro nome para Ifá, e engravida dos gêmeos Ibeji. 

Em cada mito contado, nos deparamos com caracteristicas bastante humanas, como a luxúria. Não existem reprimendas a essas questões, a sexualidade é tratada com extrema naturalidade, como de fato deveria ser.

Aimó prossegue com Ifá e Exu ao seu lado, assistindo a cada história contada como se estivesse acontecendo diante de si. E assim ela conhece Iansã, a Orixá considerada hoje protetora do feminismo, deusa do vento, do raio, das tempestades, aquela que carrega os espíritos para o outro lado, para renascer.

Conhecendo a história Iansã e Xangô, no entanto, Aimó acaba passando por um situação inusitada, e com sua mania de acender tudo muito vivamente em sua cabeça, acaba por imaginar que causa um incêndio no reino de Xangô. A garota fica muito abalada e adoece.

Ifá e Exu levam a garota para Iemanjá, onde pela primeira vez Aimó interage como uma das Aiabás, a Orixá provavelmente mais popular no Brasil, deusa do mar, da maternidade e cuidadora do equilíbrio emocional, considerada mãe dos Orixás e de toda a humanidade. Lá eles contam com a ajuda também de Ossaim.

Finalmente curada, a viagem prossegue, sendo que Aimó fica cada vez mais indecisa diante de tantas Aiabás incríveis e de personagens distintas. Ela conhece ainda mitos sobre Obá, a Orixá dos serviços domésticos, e Nanã, deusa da lama, senhora da sabedoria, além de diversos outros Orixás masculinos e também os sem sexo, ou que podem ser homem e mulher ao mesmo tempo.

Chegada a data marcada, com todos os Orixás reunidos, Aimó deve fazer sua escolha para voltar à vida na Terra. A garota, mais inteligente e entedida, depois de tudo que ouviu e presenciou finalmente faz a sua esperada passagem para o Aiê.

Após a leitura, uma nota do autor finaliza explicações, e os apêndices de glossário de termos em Iorubá, nome dos Orixás principais e esquema do Oráculo fecham com chave de ouro. "AIMÓ" é um belíssimo resgate cultural afrobrasileiro, e possui grande potencial para iniciar pessoas à cultura Iorubá e do Candomblé, desmistificando preconceitos e imagens negativas, e transformando tudo isso num incrível "conto de Orixás". Recomendo este livro para todos leitores, inclusive para os que não leem frequentemente contos. É um livro enriquecedor. Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!





Comentários

  1. Oi Luciano,
    Não conhecia o livro e essa mescla de ficção com religião parece interesante! Não sei se leria, confesso, mas é pelo fato de estar novamente em home-office, então estou buscando livros mais na minha zona de conforto para equilibrar o emocional, rs.

    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    1. Oi, Alessandra! Que pena pois a obra é enriquecedora, além é claro esclarecedora, pois temos a clareza do quão é preconceituosa a visão de muitos sobre o tema. Abraço!

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  2. Oi, Luciano. Tudo bem?
    Não conhecia o livro, mas fiquei super empolgada pelo tema e por conhecer mais um pouco dos orixás e essa mistura com ficção. Parece ser emocionante!

    Beijos, Vanessa
    Leia Pop

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    1. Oi, Vanessa! Vou bem, e você? Que bom que você se empolgou. Se puder não deixe de conferir, pois é uma obra esclarecedora e muito bem escrita. Você irá gostar do livro. Beijo!

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  3. Oi Luciano, tudo bem?
    Adoreeeei essa dica. Entrei em contato com a cultura Iorubá pela primeira vez graças à fantasia Filhos de Sangue e Osso e achei riquíssima. Com certeza incluiria Aimó na minha lista, parece interessante e rico!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Oi, Pri. Vou bem, e você? Que bom que você gostou. Espero que leia, pois é uma obra rica e esclarecedora. Beijo!

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  4. Oie, Luciano!

    Tudo bom?

    Confesso que eu achei interessante a temática ao ponto de ser uma leitura para esse tema, mas confesso que no momento não leria rsrs estou focada nos romances e nos livros pendentes de parceria/lançamento comprados hehehehehehe
    obrigada pela resenha!

    Beijos!
    Pâm
    Blog Interrupted Dreamer

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    1. Oi, Pâmela! Entendo. Livros pendentes de parcerias por vezes atrapalham de diversas maneiras, não é mesmo! Beijo!

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  5. Eu adoro leituras que resgatam essa nossa cultura, e que maravilha que tenha um acervo bom no livro. Espero conseguir realizar essa leitura.

    Bjs

    Imersão Literária

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    1. Oi, Leyanne! Quando puder leia-o, você irá amar a obra. Beijo!

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  6. Oi Luciano, tudo bem?

    Tenho bastante curiosidade de ler esse livro, justamente por essa mescla de ficção com a religião de matize africana. Acredito que essa é uma cultura riquíssima, mas pouco explorada. Espero ler Aimó em breve.

    Beijos;***
    Ariane Gisele Reis | Blog My Dear Library.

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    1. Oi, Ariane! Vou bem, e você? A cultura africana é riquíssima, e Aimó nos faz viajar por ela de forma magistral. Não deixe de conferir. Beijo!

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  7. Oie, tudo bem?
    Adorei a dica, parece ser um livro mega interessante, já fiquei super curioso para conferir
    Blog Entrelinhas

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    1. Oi, Felipe! Vou bem, e você? Que bom que gostou. Se poder não deixe de conferir. Abraço!

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  8. Olá, Luciano

    Que livro interessante! Confesso que fiquei um pouquinho confusa não pela sua resenha que por sinal está muito bem escrita, e sim pelo conteúdo mesmo, o que é normal visto que é uma cultura que não conheço profundamente. Até mesmo por isso achei excelente o fato de haver um glossário, dá mais coragem do leitor leigo se arriscar na obra. Não duvido que seja uma obra realmente enriquecedora.

    Beijos
    - Tami
    https://www.instagram.com

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    1. Olá, Tamires! Obrigado. A obra è bastante enriquecedora, e o leitor não se perde em seu conteúdo, pois o glossário do livro ajuda bastante neste sentido. Se puder não deixe de conferir, você irá gostar da leitura. Beijo!

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  9. oLÁ...
    Adorei sua resenha!
    Achei a proposta do livro interessante, mas confesso que não curto muito ler livros que mesclam religião no meio de suas histórias. Eu sou uma pessoa religiosa e depois de algumas frustrações decidi parar de envolver religião em minhas leituras hehe...
    Bjo

    Venha participar do top comentarista de março valendo os livros NÃO É ERRADO SER FELIZ e CLUBE DO LIVRO DOS HOMENS!

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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    1. Olá, Diane! Que bom que gostou da resenha! Eu entendo perfeitamente o seu argumento. Beijo!

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  10. Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas gostei da mescla que ele apresenta.

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. Oi, Monique! A obra é excelente e riquíssima. Não deixe de conferir. Abraço!

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  11. Oi, Luciano!
    Acho que uma obra dessas abre margem para discutir tantos assuntos, desde os mitológicos aos religiosos, passando por quanto há outras culturas (que não sejam apenas as do Hemisfério Norte).
    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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    1. Oi, Fernanda! A obra é bastante abrangente, e certamente poderá ser debatida. Beijo!

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  12. Parece ser um livro riquíssimo. Fiquei curioso para ver a criatividade em contar as histórias desses Orixás.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA voltou do Hiatus de verão cheio de novidades e posts novos!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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    1. Oi, Emerson! A obra é sim riquíssima. Não deixe de conferir. Boa semana. Abraço!

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  13. Oi, Luciano querido!
    Confesso que fiquei com dó da Aimó, hehe.
    O livro parece ser muito legal e diferente. Boa indicação!

    Beijoooos

    Teca Machado
    www.casosacasoselivros.com

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    1. Oi, Teca! O livro é bastante enriquecedor. Que bom que gostou. Beijo!

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  14. Nossa eu queria muito ler essa obra, parece empolgante do início ao fim. Adorei sua resenha, está completa ♥

    Beijos
    http://www.leiapop.com/

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    1. Oi, Bruna! Se puder leia-o, você gostará da leitura.. Que bom que gostpu. Beijo!

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  15. Nos últimos tempos, tenho visto surgirem alguns quadrinhos e livros com o tema de religião de matriz africana. E o bom é que eles, apesar de ainda serem relativamente poucos, nos desmistificam muita coisa. Achei muito legal esse livro e, concordo que seria um bom conto de fadas da cultura negra.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
    Pinterest | Instagram | Skoob

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    1. Oi, Hanna! Se puder não deixe de conferir. É um livro enriquecedor. Beijo!

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  16. Olá, Luciano.
    Sou evangélica, mas gosto de ler sobre culturas e religiões diferentes. E a premissa desse me interessou demais. Se der vou ler ele.

    Prefácio

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    1. Olá, Sil! Espero que você leia o livro, pois é uma leitura enriquecedora. Abraço!

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