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Resenha: Fumaça Branca

LIVRO: FUMAÇA BRANCA ANO DE LANÇAMENTO: 2022 AUTORA: TIFFANY D. JACKSON EDITORA: SEGUINTE NÚMERO DE PÁGINAS: 320 CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆☆☆ Sinopse Seguinte: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor. Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios. Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado… ou pode?  Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de resenha por aqui. Vamos conhece

Resenha: A letra escarlate

Livro: A letra escarlate
Editora: Leya
Autor: Nathaniel Hawthorne

Sinopse:
Uma das obras mais criativas publicada nos Estados Unidos.” - Henry James Durante o século XVII, na comunidade puritana de Massachusetts, nos Estados Unidos, o adultério era um crime punível com a morte. Entretanto, a jovem Hester Prynne recebe uma pena considerada leve pelos habitantes de sua cidade: ela é obrigada a levar a letra “A” de adúltera bordada em suas roupas pelo restante da vida, como marca de sua desonra. Hester enfrenta a humilhação diária e luta para criar sozinha a filha ilegítima, sem revelar a identidade de seu amante. A obra inspirou duas adaptações para o cinema, sendo a mais recente estrelada por Demi Moore. Publicado pela primeira vez em 1850, A letra escarlate permanece um retrato profundo e comovente das fraquezas e paixões humanas.


Olá caros leitores e caríssimas leitoras, hoje eu trago para vocês a resenha de uma obra excelentíssima, trata-se de A letra escarlate de Nathaniel Hawthorne. Venham comigo descobrir minhas impressões à respeito do livro. Primeiramente devo destacar que o livro é um clássico da literatura mundial, e por se tratar de um clássico, logicamente a escrita pode ser um tanto truncada e de difícil entendimento para os mais desacostumados, mas embora seja uma obra de quilate reconhecidamente bem avaliada, eu particularmente não tive maiores problemas em relação ao entendimento do vocabulário do livro, muito embora seje um empecilho para alguns leitores(a).

Numa sociedade em que a religião está intimamente ligada à própria lei civil, unindo as ordens cósmica e social, Hester Prynne é condenada por ter cometido um adultério. Sua pena, além de um tempo no cárcere, é exibir bordada no peito a marca deu seu crime-pecado.

Mesmo submetida ao juízo, ao escárnio e à segregação, Hester não aceita o papel de pobre coitada. Ao emergir da prisão, onde dera à luz a menina fruto do adultério, ela exibe a tal letra escarlate com altivez para o público ávido por execrá-la. Que ela não seja confundida também com uma rebelde e ou uma acusadora das regras sociais. Não questiona a punição, mas faz questão de ostentá-la, como o cristianismo adotou como símbolo a cruz onde Cristo padeceu.

Ela se recusa a revelar a identidade do cúmplice, mesmo quando a retirada da letra escarlate lhe é oferecida em troca de uma denúncia, oportunamente maquiada sob o verniz sagrado da confissão. Para ela, a humilhação pública não é pior do que a ruína de seu parceiro.

Apesar da atitude desafiadora que ostenta em público, intimamente, Hester sente vergonha genuína do bordado, pois sabe que o adultério marca sua consciência com uma culpa real. Além disso, os olhares, as insinuações, as piadas infantis, as imprecações em público e até os sermões na igreja a que sempre é exposta, estendendo a pena que cumpre no cárcere, fazem de sua vida em sociedade uma espécie de prisão perpétua.

Ela resiste à tentação de deixar a Nova Inglaterra para recomeçar a vida num lugar onde ninguém reconheça seu status. Prefere deixar que a sociedade a lembre permanentemente do seu pecado e, com isso, buscar a reconquista a pureza que o pecado roubara.

Isolada numa casa antiga e alienada de toda atividade social, Hester vive do mesmo talento que lhe permitiu enriquecer com detalhes o bordado em seu peito. Sua habilidade, tão rara quanto importante, embeleza os trajes de políticos, mortos, juízes, damas, crianças e militares. A exceção são os véus de noiva, símbolos da pureza virginal que ninguém quer ver maculada por uma adúltera.

Aparentemente à parte do martírio de Hester, Hawthorne explora a relação entre Roger Chillingworth, um médico com estranho pendor intelectual para o oculto, e Arthur Dimmesdale, jovem reverendo que padece de uma doença misteriosa.

Chillingworth, com sua curiosidade obstinada, luta contra o temperamento arredio e tímido do pastor, que parece empregar sua energia vital na ocultação de um segredo.

Apesar disso, o pastor conduz suas funções com maestria. Seu dom para o sacerdócio angaria uma popularidade superior à de todos os outros clérigos, mesmo os mais antigos e mais intelectualmente capacitados. A essa associação entre o sacerdócio protestante e os estudos, Hawthorne opõe o sofrimento de Dimmesdale, mostrado como adepto da prática da "corrupta fé romana" de se penitenciar com chicotadas.

Assim como Hester extrai do pecado seu sustento e sua purificação, Dimmesdale extrai de seu padecimento espiritual um dom extraordinário de levar a palavra divina aos fiéis da congregação.

Unidos por anos de martírio, Hester e Dimmesdale, planejam deixar a Nova Inglaterra. Depois de anos ocultando o pecado — agravado por sua função social — o pastor tem sua disciplina ascética subitamente relaxada pela promessa de liberdade. Com isso, ele passa a ser tentado insistentemente a dizer profanidades aos fiéis que recorrem a ele.

Percebendo que sua alma foi exposta à obsessão demoníaca, Dimmesdale, após um último sermão espetacular, abre mão do plano de fuga. No mesmo cadafalso da execração de Hester, assume seu pecado para o público.

A fuga da Nova Inglaterra carregava algumas implicações. Dimmesdale não tinha o direito de se libertar de Chillingworth. Afinal, o médico o persegue justamente por ter sido vitima de seu pecado. De certa forma, o pastor para si aquele demônio, como se seu pecado tivesse sido um ritual de invocação. Em suma, a presença maligna do médico, mais que uma assombração, é a cruz que Dimmesdale precisa carregar no íntimo, assim como Hester carrega sua própria em público. E é também verdade que Chillingworth, com a alma completamente tomada por um desejo implacável de vingança, também está preso a ele.

Com justiça, seu gesto final é um sacrifício que dá a Hester a liberdade da maldita letra escarlate que lhe fora prometida caso revelasse seu cúmplice.

Embora o moralismo seja o ponto de partida da história, Hawthorne não escreve uma apologia da rebelião social e nem mesmo uma crítica de costumes, o que não deixa de ser uma forma de moralismo. É uma história de aceitação estóica do sofrimento para buscar nele o sentido da vida.

Nathaniel Hawthorne também não simplifica a relação entre bem e mal, mostrando de que forma virtudes e pecados podem conviver na alma de uma pessoa.

Há espaço, contudo, para a exposição de certos tipos ao ridículo. Alude-se, por exemplo, ao natural apelo erótico que a juventude e o status de Dimmesdale exerce nas moças virgens da comunidade, que precisam disfarçar a atração sob a máscara da reverência ao sacerdócio.

Do contraste entre a beleza selvagem de Hester no cadafalso e a feiúra de uma das senhoras que compõem o júri informal, fica claro que o moralismo tem muito menos a ver com zelo religioso do que com a inveja recalcada pura e simples.

Mesmo não tendo nenhuma passagem explicitamente sobrenatural ou mágica, “A Letra Escarlate” explora o transcendental. Mergulha na realidade espiritual dos personagens e permite ao leitor enxergar através da perspectiva ponto de vista deles, como pessoas criadas numa sociedade permeada pelo temor da bruxaria.

A imensa dificuldade que Chillingworth e Dimmesdale encontram, cada um a sua maneira, de se livrar um do outro, e a que Hester tem de se livrar da letra escarlate são símbolos de uma verdade: não há como simplesmente jogar fora a cruz do pecado. Eu recomendo muito essa obra clássica, mesmo para aqueles leitores(a) que não costumam ler clássicos. Eu finalizo por aqui, espero que tenham gostado da resenha e até a próxima!

Comentários

  1. Olá!
    Eu quero ler, só assisti ao filme, mas isso só me deu mais vontade de conferir a história original.
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Oi, Alessandra leia! O livro é excelentíssimo, sua qualidade literária é sem dúvida, bastante prazerosa. Grato pela visita e comentário. Abraços!

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    2. Que resenha bem feita. O livro parece muito interessante. Já anotei aqui e provavelmente o lerei.
      Valeu pela dica Luciano, e parabéns pelo blog. Objetividade e simplicidade e bom conteúdo. Perfeito.

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    3. Grato pelo elogio Léo. Leia o livro, sua qualidade literária é indiscutível.

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