Resenha: JOE - A Morte dos Sonhos

Livro: Joe - A Morte dos Sonhos
Editora: Independente
Autor: André Cancian


Sinopse:
Joe é um romance essencialmente introspectivo, no qual se tenta construir uma visão de mundo a partir dos olhos do personagem. A ideia que animou a produção desta obra foi ilustrar, não em teoria, mas no contexto da vida prática, toda aquela perplexidade que se apodera de nós quando voltamos nossos olhares ao mundo numa perspectiva, por assim dizer, “existencialista”, e nos vemos tomados pela sensação do absurdo que é existir.


Olá queridos leitores e queridas leitoras, preparados(a) para mais uma resenha literária. Pois bem hoje trago para vocês a resenha do livro JOE. Venham comigo descobrir o que eu achei da obra. Para começar esse é um daqueles livros que, quando você começa a ler as horas passam, as páginas são avistadas por nossos olhos e, quando nos damos conta o livro terminou. Pois é, com essa obra foi o que ocorreu com esse que vos escreve, entretanto o fato ocorreu não pelo fato de o livro conter poucas páginas, mas sim por ser um livro espetacular para ser lido por todos aqueles leitores que gostam de uma boa trama presente num livro. A obra tem como foco principal o personagem chamado JOE. O interessante a se notar é que, por ser considerado um romance os acontecimentos são visto sob a perspectiva melancólica do personagem. Se olharmos os acontecimentos da realidade humana podemos constatar que essa perspectiva existencialista pode nos levar a enxergar o absurdo que é existir. Se fomos analisar friamente, ou melhor dizendo racionalmente sobre a vida ( vida ao qual é referida é sobre a existência) veremos que elucubrações e teorias sobre de fato o que é a vida, talvez podemos ser inseridos numa realidade enfadonha de encandeamentos de banalidades e frivolidades sem fim( pelo menos enquanto estivermos "vivos"). O personagem JOE consiste basicamente na história de uma teorização da vida prática. JOE é um personagem extremamente pessimista e rabugento, contudo essa característica não o faz ser um personagem detestável, muito pelo contrário nos faz amá-lo de uma maneira bem peculiar. Sua infelicidade perante as circunstâncias da vida o tornam bastante realista, pois a vida não é um "conto de fadas". A vida em sua essência( realidade ao qual todo ser humano está inserida) nos prova a cada segundo de nossos dias que a existência humana, apesar de ser uma dádiva divina é também uma luta árdua diária em busca da tão sonhada e, às vezes, como na maioria dos casos fantasiada felicidade. Os obstáculos a serem superados por todo e qualquer humano podem levá-lo a uma desgastante busca por algo, muitas das vezes inalcançável. O que gera naqueles que não conseguem muita dor e frustração com sua própria vida (existência).
O personagem cabisbaixo, infeliz e desgostoso com tudo e com todos ao seu redor é o retrato perfeito de nossa sociedade atual, onde vivemos olhando sempre para o benefício próprio e esquecemos de olhar ao nosso redor. A obra é espetacular, pois faz o leitor(a) refletir sobre as circunstâncias inerentes à existência da humanidade. A escrita do André é formidável, um misto de Charles Bukowski com a sua própria escrita. Veja bem, não quero de maneira alguma compará-lo com Charles Bukowski, só vejo influência da escrita do famoso escritor com a dele. De qualquer modo é uma escrita perfeita.
Devo confessar-lhes caros leitores que fui completamente fisgado para a leitura de Joe já na primeira frase e desde este primeiro instante fui impedido de parar de ler até a última palavra. Recomendo a leitura de Joe, onde somos completamente envolvidos pelo humor cáustico e a ironia refinada do autor, que mais uma vez comprovou ser alguém a ser acompanhado e respeitado em suas percepções do mundo em que vivemos. O livro tem um viés existencialista impressionante, onde vemos o personagem Joe às voltas com a rotina risível de humanos medíocres perfeitamente adaptados à sua vida insossa e sem graça, enquanto para Joe, lúcido que é, mais parece um convite ao suicídio. Parabenizo mais uma vez, portanto, este talento nato que é o André Cancian, esperando que muitas outras obras argutas e reflexivas como essa possam chegar até nós.
É quase impossível não sentir um mal-estar diante da frieza do livro. O Joe, sem nenhum sentimento, é dominado por um vazio que choca e quase não conseguimos compreender, e assim, mergulhamos no absurdo da existência. Como próprio personagem diz, "sem nenhuma esperança no fim do esgoto”.
Se você gosta de livros reflexivos e inteligentes não deixem de ler a obra. Eu super recomendo vale muito a pena. Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima.