Pular para o conteúdo principal

Um Esforço Intenso, Abnegação e a Sublimidade do Esquecimento

Olá caros leitores e caríssimas leitoras! Estou de volta! Como vocês estão? O que mudou na blogosfera enquanto eu estive ausente? Pra iniciar esse meu retorno trago uma postagem interessante sobre a carreira literária de um escritor espetacular, mas esquecido aqui em nosso país.  UM ESFORÇO INTENSO, ABNEGAÇÃO  E A SUBLIMIDADE DO ESQUECIMEINTO. O homem que, ao longo de sua existência, produziu mil obras literárias e agora se encontra à beira da morte, relegado ao esquecimento pela nação brasileira. O cara que escreveu mil livros, um verdadeiro maldito, agora se esgueira pelas sombras do Brasil, como um fantasma de ressaca. Ninguém lembra mais dele, sua obra empoeirada em prateleiras empoeiradas, enquanto os leitores empacotam suas vidas em feeds de redes sociais. Ele desabou, um titã que não consegue mais levantar a cabeça. As palavras que um dia ecoaram agora são só murmúrios em um canto qualquer, um brinde ao esquecimento. O país que deveria celebrá-lo o ignora, como se sua v...

Um Esforço Intenso, Abnegação e a Sublimidade do Esquecimento

Olá caros leitores e caríssimas leitoras! Estou de volta! Como vocês estão? O que mudou na blogosfera enquanto eu estive ausente? Pra iniciar esse meu retorno trago uma postagem interessante sobre a carreira literária de um escritor espetacular, mas esquecido aqui em nosso país. 



UM ESFORÇO INTENSO, ABNEGAÇÃO  E A SUBLIMIDADE DO ESQUECIMEINTO.



O homem que, ao longo de sua existência, produziu mil obras literárias e agora se encontra à beira da morte, relegado ao esquecimento pela nação brasileira.

O cara que escreveu mil livros, um verdadeiro maldito, agora se esgueira pelas sombras do Brasil, como um fantasma de ressaca. Ninguém lembra mais dele, sua obra empoeirada em prateleiras empoeiradas, enquanto os leitores empacotam suas vidas em feeds de redes sociais. Ele desabou, um titã que não consegue mais levantar a cabeça. As palavras que um dia ecoaram agora são só murmúrios em um canto qualquer, um brinde ao esquecimento. O país que deveria celebrá-lo o ignora, como se sua voz nunca tivesse existido. E enquanto ele se despede, a solidão é a única que realmente o conhece.

O mundo que aplaude escritores é um circo que não tem lugar para Ryoki. Ele é o cara ignorado, o fantasma em meio ao barulho. Seus livros? Mal aparecem nas dissertações, suas palavras nunca ganham espaço nas antologias. Ele escreve na sombra, na margem, porque nunca teve outra escolha.

Mas houve um momento, só um, que ficou gravado, como um rabisco em uma parede suja. Em janeiro de 1996, o jornalista americano Matt Moffett, do “Wall Street Journal”, decidiu que precisava ver isso de perto. Ele foi até São José dos Campos, passou a noite inteira no apartamento de Ryoki, com a incredulidade dançando na cabeça. Um homem só, mais de mil livros. Ele precisava testemunhar. O que Moffett encontrou? Um espetáculo que jogava a lógica pela janela, uma maratona de palavras que não fazia sentido, mas ali estava, pulsando na máquina de escrever.

Às 23h30, Ryoki se sentou e começou mais um romance, “The Key”, pegando o próprio Moffett como modelo para o cara principal. Escreveu até as 5h30 da manhã, direto, como se o mundo lá fora não existisse. Algumas idas ao banheiro, um pouco de café, um trago no cachimbo. Nada de drama. Quando finalmente olhou para o que tinha feito, eram 150 páginas de um crime bem contado, com começo, meio e fim. Moffett, sempre cético, ficou só observando, mudo, enquanto a madrugada se despedia.

Na imprensa americana, foi só uma notinha esquecida no fundo do caderno. No Brasil? Quase ninguém deu bola. Mas para Ryoki, era só mais uma noite qualquer, mais um livro na pilha interminável.

Seu estilo é como um tiro certeiro. Direto ao ponto. Frases curtinhas, ritmo acelerado, tudo bem amarrado. É literatura da ação, do entretenimento. Faroeste, policial, espionagem. Os títulos falam por si: “Os Colts de McLee”, “Onde Está Pablo Escobar?”, “O Fruto do Ventre”, “Quinze Dias em Setembro”, “A Bruxa”. Não tem espaço para alegorias ou reflexões profundas. É tudo movimento. Causa e efeito. Um corpo dispara, outro cai. A tensão nunca dá trégua. O leitor é levado como se estivesse atravessando um corredor apertado, sempre em frente, sem olhar para trás.

As mãos calejadas pelas palavras não são reconhecidas, e esse país, ah, esse país está esquecendo sua própria história, como um bêbado que se perde nas vielas da memória. A inteligência de um homem não se mede em convites para palcos acadêmicos ou em cifras de livros que empoeiram nas prateleiras das livrarias. Não, ela se mede na teimosia de não se deixar apagar, de resistir como um vagabundo que se recusa a ser invisível.

Ryoki não está só nessa luta. Ao seu lado, o filho. Georges Kirsteller Ryoki Inoue, um jornalista que escreveu uma pequena homenagem, sem pedir aplausos, mas com raízes mais profundas que qualquer retrato em um pedestal. Um texto seco, direto, verdadeiro: “Sou o que ficou. Não por bravura, mas por um sentido que poucos entendem. Porque só quem vive a ausência sabe o que é isso. E há dores que não precisam de palco, só de espaço. A vela ainda arde. E enquanto ele escreve, eu estou ali. Em silêncio, como um espectador que sabe que certos legados não precisam de manchete, só de continuidade.”

Essa presença, do filho, do gesto, da vela, é talvez a verdadeira homenagem. Sem estátuas, mas com cuidado. Sem palcos, mas com vigilância. O Brasil pode ter esquecido Ryoki, mas alguém se lembra. E está ali, testemunhando. Porque há coisas que só quem vive de verdade sabe reconhecer. Alguém aqui já leu algum livro de Ryoki Inoue, afinal o cara escreveu mais de mil livros? Conte-me nos comentários. Até a próxima!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog