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Resenha: Até Os Ossos

LIVRO: ATÉ OS OSSOS ANO DE LANÇAMENTO: 2023 AUTORA: CAMILE DeANGELIS EDITORA: SUMA NÚMERO DE PÁGINAS: 296 CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆ Sinopse: Maren Yearly é uma jovem que quer o mesmo que qualquer pessoa comum: ser admirada e respeitada. Ser amada. Mas suas necessidades – secretas e terríveis – forçaram-na a se isolar. Ela odeia esse aspecto da própria vida, o que isso fez com sua família e com sua identidade, e como isso dita seu lugar no mundo. Ela não escolheu ser assim. Desde que a mãe de Maren, Janelle, encontrou a orelha da babá Penny Wilson na boca da filha de apenas dois anos de idade e uma pilha de ossos logo ao lado, ela soube que a vida nunca seria normal para nenhuma das duas. O amor pode acontecer de muitas formas diferentes, mas para Maren o desfecho é sempre o mesmo: ela precisa esconder as provas enquanto a mãe faz as malas. Quando Janelle abandona a filha no dia seguinte ao seu aniversário de dezesseis anos, Maren vai à procura do pai que nunca conheceu e encontra muito mais d

Resenha: Sete Anos De Escuridão

LIVRO: SETE ANOS DE ESCURIDÃO 

ANO DE LANÇAMENTO: 2022

AUTORA: You-jeong Jeong

EDITORA: TODAVIA

NÚMERO DE PÁGINAS: 416

CLASSIFICAÇÃO: ☆☆☆☆




Sinopse: Sowon é um jovem órfão que vive como nômade pela Coreia do Sul. Seu maior desejo é se ver livre de um passado devastador: há sete anos, seu pai, Choi Hyonsu, foi acusado de cometer uma série de assassinatos. Rotulado como “o filho do psicopata”, Sowon parece fadado a pagar pelos crimes do pai infinitamente. Um dia, contudo, o rapaz recebe um manuscrito anônimo, contendo a decifração da tragédia que emoldurou sua vida. 





Olá, caros leitores e caríssimas leitoras! Como estão?  Hoje é dia de resenha por aqui. Vamos conhecer a obra!




Quão sombria é a consciência, ou alma, humana? O quanto carregamos de pesado, escuro, traumático e perturbador dentro de nós? Seja por atos que cometemos, aqueles que nem sonhamos em pronunciar em voz alta, ou pelo que o outro causou a nós ou a alguém muito próximo e querido? É possível conviver em paz com a escuridão que se abate sobre a mente humana? Ou será que cedo ou tarde acabamos por sucumbir e libertar um lado perigoso e letal?

Essas muitas perguntas dão exatamente o tom que You-jeong Jeong imprimiu na construção de SETE ANOS DE ESCURIDÃO, uma mistura de thriller com drama em que a investigação da alma humana e suas perturbações atinge níveis que só a literatura oriental tem sido capaz de nos presentar ultimamente. 

A obra traz duas tramas que vão se intercalando. A primeira, mais curta, se passa no presente e é focada na figura do jovem Sowon. Ele carrega a marca de ser filho de um homem acusado de uma série de crimes bárbaros, incluindo a morte de uma garota. E no contexto da sociedade sul-coreana apresentado na história, apenas o fato de ser filho de um criminoso desses já é suficiente para você ser uma espécie de pária. E assim é a vida de Sowon, mudando de cidade em cidade e sendo sempre perseguido por uma misteriosa pessoa que faz questão de lembrar a todos de quem ele é filho. A segunda trama, que domina a maior parte da narrativa, é apresentada a partir de um manuscrito em que os acontecimentos vividos pela família de Sowon sete anos atrás é esmiuçado nos mínimos detalhes. São esses trechos que compõe a parte principal de uma história brutal sobre a natureza humana. Porque de um lado temos o pai de Sowon, Choi Hyonsu, um homem marcado por várias quedas ao longo da vida. Um talvez promissor astro dos esportes que fracassa por causa de um problema muscular. Mas também um homem forjado, lá atrás, em uma família desajustada em que o pai era uma sombra a amedrontar e abusar. Em outro ponto da história, temos Yongje, pai da menina assassinada. Ele transforma a dor dessa perda em uma motivação para vingança. Uma vingança que precisa ser meticulosamente planejada. Não basta apenas que o culpado seja entregue para a polícia. Não. Ele precisa pagar quase que no “olho por olho, dente por dente”. Poderíamos considerar isso natural a partir do ponto de vista de um pai que perde uma filha. Mas Yongje não é o pai-modelo. Ele batia, espancava, abusava tanto da esposa – que acabou fugindo, quanto da filha, que era uma vítima em suas mãos e acabou sendo vítima fatal nas mãos de outro. As histórias dessas famílias vão se entrelaçar em um cenário em que todos se encontram a todo momento: o vilarejo em que moram e onde fica a represa, palco das tragédias. A isso se soma uma leve pitada de sobrenatural a partir de crenças locais e visões que não necessariamente são fantasmagóricas, mas podem ser atribuídas a delírios provocados pela consciência de cada personagem. Mas não importa. São detalhes que conferem aquele ar de mistério que contribui muito para o ritmo da obra. SETE ANOS DE ESCURIDÃO portanto, vai apresentar aos leitores os pontos de vista, comportamentos e pensamentos de cada personagem à medida que são arrastados para as diversas tragédias que os acometem. Vamos entendendo passo a passo a perda de juízo, o desespero, os atos insanos, a forma como o peso da consciência empurra cada personagem para um novo erro e rumo à perda da noção entre real e imaginário. É aí que ficam mais vulneráveis, pelo lado culpado, ou mais vingativos, pelo lado do pai da menina. No fim, e no fundo, fica difícil apontar vilões nessa história. Mais que a história de um filho assombrado pela culpa criminosa de seu pai, talvez seja interessante olharmos para o livro como a história de um homem, Choi Hyonsu, cuja vida foi toda “ladeira abaixo”. E ele jamais conseguiu escapar dessa espiral de tragédias e desgraças que foram marcando sua vida e o levando rumo ao abismo final lá na represa. Quando chegamos ao desfecho, literalmente no último parágrafo, o ciclo acaba se fechando e com uma leve pitada de ironia (sem dar spoilers, mas a caveira sorridente, pra mim, foi o ponto-chave da desgraça final e recomendo que olhem com atenção para esses trechos. As peças vão se encaixando de forma gradual para que a gente consiga compreender a dimensão de cada ato. E cada ato é influenciado por algo anterior, por um mal-entendido ou por resquícios do passado que ainda assombram os personagens. SETE ANOS DE ESCURIDÃO  acaba sendo uma história muito humana, de tragédias pessoais que em maior ou menor grau acometem todas as pessoas diariamente em suas vidas. Logicamente a maioria não se vê às voltas com assassinatos, mas as perguntas que coloquei no início desse texto resumem bem a ideia geral. Porque no fundo, talvez bem lá no fundo, todos nós temos sombras a espreitar. Se nascidas conosco ou desenvolvidas mediante a vivência, é difícil afirmar, mas a centelha da maldade, do sombrio, da escuridão, ah… Essa existe. Em todos nós. Minha única ressalva aqui é a obra ser um pouco repetitiva. Ademais é um livro muito prazeroso de se desbravar. Espero que tenham curtido a resenha! Até a próxima!



Comentários

  1. Oi!
    Não sou muito leitora desse gênero, mas adorei ver um livro do gênero de um autor da Coréia do Sul, a maioria geralmente é da Suécia e tal.

    https://deiumjeito.blogspot.com/

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  2. Eu achei a resenha muito interessante. Acho que nunca li nada da Coréia e isso por si só, me fascinou.
    Espero ter a chance de fazer isso em breve.

    Obrigada por compartilhar mais uma resenha tão completa e detalhada. :)

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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    1. Oi, Fernanda! Se tiver oportunidade não deixe de conferir. Que bom que a resenha tenha sido de seu agrado. Um beijo!

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  3. Parece ser um livro fabuloso.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  4. Oi, Luciano, só por curiosidade, onde arrumou esse livro, porque me pareceu um tanto diferente.

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    1. Oi, Fabiano! Este aqui adquiri na editora TODAVIA. Se tiver oportunidade leia-o, pois é uma leitura prazerosa. Abraço!

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  5. Oi Luciano, tudo bem?
    Obrigada pelo carinho e acalento lá no blog, suas palavras foram um abraço.
    Eu adorei a resenha e essa sugestão de leitura. Amo thrillers por si só, mas o fato desse trazer provocações dramáticas junto me instigou. Já leu O Sorriso da Hiena? Me lembrou um pouquinho, de leve, a questão do mal espreitar.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    Respostas
    1. Oi, Priscila! Estou bem, obrigado. Fico feliz em saber que gostou da dica de leitura. Particularmente gosto bastante de thrillers também. Sim eu já li O SORRISO DA HIENA. Beijo!

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